sábado, 6 de setembro de 2008

Partidos não cumprem cotas de mulheres

Essas eleições mostraram que a disputa pelos cargos majoritários no Brasil não mudou muito: as mulheres não representam nem 30% das candidaturas femininas estipuladas por lei. Nenhuma novidade! Desde pequenos, os homens são criados para comandar ou assumir cargos de maior responsabilidade. Esse é um tema que precisa ser trabalhado desde a primeira infância, na sala de aula, nas brincadeiras de meninos e meninas, em casa, na divisão do trabalho doméstico. À mulher, ficou reservada a tarefa de comandar... no ambiente doméstico. E isso ainda predomina no Brasil.
O levantamento foi feito pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, com base em dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A cota de 30% das candidaturas femininas dos partidos também nunca é cumprida. O Amapá tem o maior percentual de mulheres concorrendo às prefeituras: 17%. Para vagas nas Câmaras, Mato Grosso do Sul lidera: 25%.
Outra explicação para a pouca participação política das mulheres, segundo Sônia Malheiros, subsecretária de Articulação Institucional da secretaria é que as mulheres sempre tiveram uma educação que sinalizava que política era feita por homens. "A sobrecarga de responsabilidade familiar sobre as mulheres também as amarra".
Hoje, as mulheres representam 10% dos candidatos às prefeituras. Em 2004, eram 9,5%. Para o Legislativo, o índice (22%) se manteve. Para tentar reverter o quadro, a secretaria fez a campanha "Mais mulheres no poder, eu assumo esse compromisso!"
Mais: números da ONG Inter-Parliamentary Union mostra que o Brasil aparece na 142ª posição entre 188 países com participação feminina na política --atrás de Cazaquistão e, na América do Sul, só à frente da Colômbia. Nas capitais, poucos partidos conseguiram cumprir os 30%. O PC do B foi o que mais chegou perto ao atingir a marca em 12 cidades (menos da metade).

terça-feira, 12 de agosto de 2008

" Papo de Atitude" apresenta propostas de Marta para mulheres



As políticas públicas para mulheres ainda estão escassas nos programas de governo dos atuais candidatos a prefeito – ainda mais, diante de poucas candidaturas majoritárias femininas e do descumprimento das cotas nas instâncias partidárias.

No entanto, a urgência de ações nessa área requer um foco específico. É o que pensa Tatau Godinho (foto), mestre em sociologia pela PUCSP, que apresentou algumas propostas importantes do programa de governo da candidata petista Marta Suplicy no “Papo de Atitude”, sala de bate-papo que ocorre todos os dias no site da candidata www.marta13.can.br com a participação de internautas.

Uma delas, importantíssima, refere-se aos programas que ampliam a possibilidade de emprego e renda, de geração de postos de trabalho, espaços de economia solidária e que aproveitem a criatividade das mulheres na produção de artesanato e produtos alternativos à economia mercantil. Segundo ela, “é preciso manter os programas de transferência de renda porque as mulheres ainda estão entre os setores mais empobrecidos da população”.
Sobre a assistência à gestante, Tatau lembrou o programa “Nascer Bem”, da gestão anterior de Marta, que priorizava a saúde feminina durante o período da gravidez. Lembrou ainda que antes as mulheres tinham transporte gratuito quando precisavam fazer as consultas de pré-natal.

Outro ponto que gerou perguntas de internautas incluiu as gestantes que trabalham em regime informal e que não têm direito à licença maternidade. “Um atendimento específico às mulheres na saúde pública não exige a apresentação de certificados de trabalho, mas é verdade que dependemos de uma política nacional que altere a previdência para que as mulheres em regime de trabalho informal tenham acesso a licença maternidade”, disse.

Um dos desafios da nova gestão, segundo Tatau, caso Marta saia vitoriosa, será garantir o horário integral nas creches públicas. No governo anterior as creches funcionavam por um período de 12 horas, possibilitando que as mulheres pudessem deixar o filho e ir ao trabalho incluindo o tempo gasto no transporte. “Infelizmente, hoje a Câmara Municipal discute a proposta de reduzir o horário das creches com o argumento de que as crianças não precisam ficar todo o tempo na escola. Não levam em consideração a realidade das mães que trabalham fora”.

Outras ações do programa de Marta são: ampliação da rede de creches, a ampliação dos centros de atendimento à violência, a criação de políticas culturais para as mulheres, um programa de educação não discriminatório nas escolas entre outras. “Existem políticas que parecem não incidir sobre a vida das mulheres, mas são muito importantes porque reduzem o trabalho doméstico, como por exemplo, a ampliação da merenda escolar com a criação da segunda refeição na escola”.


Para Tatau significa muito para São Paulo já ter tido duas prefeitas mulheres. “Isso mostra que avançamos muito em relação a participação política feminina. Mas a discriminação ainda é muito grande. Aqui mesmo discutimos o quanto várias das críticas à candidatura de Marta Suplicy são resultado de uma visão preconceituosa sobre as mulheres na política” .

Violência

A propósito da violência contra a mulher, Tatau acredita ser importante criar uma rede de atendimento que chegue às mulheres nas diversas regiões de São Paulo. “Com atendimento psicológico, social e jurídico. É preciso também retomar os serviços de atendimento à violência dentro da rede de saúde que foi praticamente desativado no governo atual. Ao mesmo tempo, durante a gestão Marta Suplicy, desenvolvemos uma política de capacitação da guarda civil metropolitana para que ela estivesse atenta e capacitada para combater a violência contra as mulheres”, explicou.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Especialistas: mulheres têm chances em 4 capitais


Apenas 25 dos 176 candidatos às prefeituras de capitais nas eleições municipais são mulheres. Apesar do percentual baixo das candidaturas - 14,2% - elas despontam como favoritas em pelo menos quatro capitais, o que abre a possibilidade de um resultado histórico para as mulheres. Hoje, só uma capital é administrada por uma mulher. A despeito do provável avanço, especialistas alertam para as limitações da participação feminina nos pleitos.
Atualmente, apenas Fortaleza está sob comando de uma prefeita. Luizianne Lins, candidata à reeleição, é, por sinal, uma das quatro candidatas que hoje ostentam o primeiro lugar nas pesquisas. Nesse escrete aparecem também a correligionária e candidata à prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (foto), que também lidera nas pesquisas, a deputada federal e candidata do PCdoB em Belo Horizonte, Jô Moraes, e Micarla de Souza (PV), em Natal.
Na capital potiguar, aliás, não só Micarla lidera a corrida eleitoral com 54%, de acordo com última pesquisa Ibope, como o segundo lugar também é ocupado por uma mulher, a petista Fátima Bezerra. Isso sem contar outros grandes colégios eleitorais do país onde as candidaturas femininas, apesar de não liderarem as pesquisas, mostram-se competitivas, como no Rio, onde Jandira Feghali (PCdoB), com 17%, ocupa o segundo lugar, atrás do senador Marcelo Crivella (PRB). E em Porto Alegre, onde a dupla de deputadas federais Maria do Rosário (PT) e Manuela D'Ávila (PCdoB) seguem de perto o atual prefeito e candidato à reeleição José Fogaça (PMDB). Na capital gaúcha, dos oito postulantes, quatro são mulheres.
"Temos ainda um caminho longo para que a disputa eleitoral seja mais igualitária", contemporiza a cientista política da Universidade de São Paulo, Maria do Socorro.
A diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Natalia Mori, endossa:
"Todo aumento é algo para se comemorar. É sinal de que os dados começam a refletir maior participação feminina", admite a pesquisadora. "Mas ainda não é o suficiente para alterar a ordem do problema. A política continua sendo um dos pilares que temos que romper para superar a estrutura patriarcal."
A cautela das especialistas é justificada pelos números. Apesar das candidaturas femininas competitivas, em 12 capitais - quase metade do total do país - nenhuma mulher está na disputa, incluindo cidades de peso como Salvador, Goiânia e Manaus.

Obstáculos

Natalia Mori, do Cfemea, conta que quatro fatores são vistos como primordiais para explicar a baixa participação feminina na política. O primeiro estaria relacionado à cultura, à maneira como homens e mulheres passam, desde pequenos, por experiências de aprendizagem diferenciadas que os levam a considerar como normais projetos de vida diferenciados. Os homens seriam educados para o sucesso individual no mundo público, enquanto sobraria para as mulheres o cuidado com o bem-estar da família. O segundo fator seria a divisão do trabalho entre os
Outro dado que preocupa as especialistas é a tendência da predominância masculina mais acentuada quando se trata de eleições majoritárias.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Serviço de ajuda a mulheres agredidas dobra atendimento

O número de atendimentos do Ligue 180, que recebe ligações envolvendo mulheres em situação de violência, mais que dobrou no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2007.Foram 121.424 atendimentos de janeiro a junho deste ano para esclarecer dúvidas, colher relatos de violência doméstica e encaminhar vítimas a delegacias ou defensorias, na maioria das vezes. No mesmo intervalo de 2007, o total foi de 58.417, segundo a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.Pela manhã, a secretaria informou que o total de atendimentos em 2008 somava 121.891. Procurada pela Folha à noite, a secretaria não soube informar qual seria o dado correto. A diferença entre os totais é pouco significativa.Ligações para relatar ou denunciar casos específicos de violência subiram de 8.693, no primeiro semestre de 2007, para 9.542 neste ano.Crescimento maior foi verificado no número de pedidos de informação especificamente sobre a Lei Maria da Penha, que completou ontem dois anos de vigência. Foram 49.025 atendimentos neste ano, contra 11.020 em 2007.Para a secretaria, o aumento se deve a uma modificação no atendimento e a uma maior divulgação da Lei Maria da Penha. Para especialistas, não é possível dizer que a violência contra a mulher aumentou.Em comemoração dos dois anos da lei, foi divulgada uma pesquisa do Ibope em parceria com a ONG Themis que mostra o apelo da lei na sociedade.Das 2.002 pessoas consultadas, 68% disseram conhecer a lei, mesmo que superficialmente. Um dado de destaque aponta que apenas 52% das pessoas disseram que a mulher costuma procurar ajuda quando sofre violência doméstica. Outros 42% afirmaram que a mulher não procura apoio.A pesquisa ouviu as pessoas em 142 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.Apesar da lei, a violência contra a mulher ainda está envolta em "silêncio negro", diz Marisa da Silva, 45, uma das cerca de 300 promotoras legais populares presentes -líderes comunitárias que receberam treinamento jurídico para prestar ajuda em comunidades.Elas entregaram um documento ao presidente da República em exercício, José Alencar, e ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, pedindo mudanças para a implementação total da lei, como ampliação do funcionamento das delegacias especiais e melhoria da estrutura de centros para a mulher.Outras entidades também criticaram a falta de estrutura para acolhimento da mulher em situação de violência e ao não-acatamento da lei por parte de alguns juízes.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Denúncias de agressões a mulheres dobram no primeiro semestre de 2008

O número de denúncias de agressões a mulheres no país mais do que dobrou no comparativo do primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2007. Números apresentados nesta quinta-feira pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres com base no número de serviço 180 --a central de atendimento à mulher-- apontam que de janeiro a junho de 2008 foram feitos 121.891 contra 58.417 em igual período de 2007, num incremento de 107,9%. A lei Maria da Penha, que pune com mais rigidez os agressores de mulheres, completa dois anos hoje.
Os dados mostram ainda um crescimento quase três vezes e meio superior na quantidade de pessoas que pretendem se informar sobre a lei. Enquanto no primeiro semestre do ano passado 11.020 ligações foram atendidas com o intuito de prestar esclarecimentos sobre a lei, no primeiro semestre de 2008 os atendimentos foram de 49.025.
Distrito Federal, São Paulo, Pará e Goiás lideram o ranking das denúncias. Na outra ponta estão Acre, Maranhão e Amazonas.
O levantamento mostra que 61,5% das mulheres informaram sofrer agressões diariamente e outras 17,8% são alvo toda semana de destratos. A maior parte das agressões (63,9%) são praticadas pelos próprios companheiros. Em 58,4% dos casos relatados, os agressores estavam bêbados ou eram usuários de drogas.
Segundo a subsecretária Aparecida Gonçalves, da área de Enfrentamento à Violência da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a maior incidência de denúncias na região Centro-Oeste do país se deve ao que ela considera um maior nível de informação a respeito da legislação que estabelece maior rigor nas punições aos agressores de mulheres. Isso relativiza o fato de Estados do extremo do país apareçam nas últimas colocações.
"A cada ano temos uma maior divulgação da lei, e a medida que ela passa a ter uma maior efetividade, isso reflete nas denúncias. Só as respostas efetivas aos casos de agressões virão a fortalecer esses números", afirma Gonçalves.
Apesar de a maior parcela das agressões ser cometida quando o parceiro está drogado ou bêbado, ela afirma que a questão é cultural. "Se fosse só a agressão em si, ele [agressor] bateria num amigo do bar, não na mulher, ao chegar em casa", afirma.
Percepção
Durante cerimônia ocorrida no Palácio do Planalto, foram mostrados também os resultados de uma pesquisa a respeito da lei Maria da Penha.
A pesquisa Ibope/Themis (Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero) --esta última uma ONG gaúcha-- revelou que 68% da população brasileira já ouviu falar da lei. Outros 82% conhecem a sua eficácia.
A consulta foi realizada entre os dias 17 e 21 de julho, com 2.002 entrevistados em 142 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa mostra que 32% não conhece e nem ouviu falar da lei. Um quinto dos pesquisados (20%) respondeu acreditar que a lei Maria da Penha coloca o agressor na cadeia e 33% afirmaram que ela inibe a violência doméstica.
Após ser agredida, segundo os respondentes, 38% das mulheres procuram as delegacias especializadas de atendimento à mulher e 19% outras delegacias. Para 42% dos entrevistados, as mulheres não procuram serviço de apoio.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Lei Maria da Penha completa dois anos e ainda não é plenamente aplicada

da Agência Brasil
Ao completar dois anos de existência, na quinta-feira (7), a Lei Maria da Penha --que modificou profundamente a forma como os crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher são tratados na Constituição-- ainda encontra entraves no Poder Judiciário e entre os agentes de segurança pública para ser plenamente implementada.
Essa é a avaliação do Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria) e da SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres). "O Judiciário ainda precisa [considerar] que a violência contra a mulher é um atentado aos direitos humanos. Os policiais e outros agentes de segurança pública precisam ter boa vontade ao interpretar e aplicar a lei", afirma Myllena Calazans, assessora técnica do Cfemea.
Essa também é a constatação de Ana Paula Schwelm Gonçalves, ouvidora da secretaria. "Os dois espaços principais que podem contribuir para a implementação da lei são o policial e o judiciário", diz.
Por isso, de acordo com Ana Paula, a secretaria está fazendo uma aproximação com o Poder Judiciário e começa este mês a promover cursos de capacitação sobre a Lei Maria da Penha para juízes. "Também já existem projetos para que esses cursos também sejam ministrados para policiais".
Para essas e outras ações, segundo ela, o governo federal destinou cerca de R$ 1 bilhão ao orçamento da secretaria. Mas, apesar de considerar o recurso financeiro suficiente, Myllena Calazans alerta que ele pode acabar contingenciado para formação do superávit primário.
"Já conseguimos mais recursos, mas ainda temos de lutar para que eles não fiquem retidos", reclama. Além disso, segundo ela, é preciso que a lei --que foi inspirada na mulher que sofreu duas tentativas de assassinato pelo marido-- também seja uma prioridade para estados e municípios.
"A lei trouxe modificações na forma como a sociedade e os poderes encaram o problema e contribuiu para incluir o tema na agenda de debates", avalia Myllena. "Mas precisa ser posta como prioridade por estados e municípios, os juizados especiais precisam ser criados pelo Poder Judiciário, e muita campanha de divulgação precisa ser feita, porque as pessoas ainda não a conhecem bem", resume a assessora do Cfemea.
Ana Paula Schwelm Gonçalves acredita que houve um aumento nos serviços a partir da lei, que está sendo implementada aos poucos. "Toda legislação leva um tempo para ser adaptada. Até porque, a Lei Maria da Penha modificou muitos procedimentos".
Ela reconhece que várias garantias legais criadas pela nova legislação ainda não estão acessíveis a todas as mulheres. É o caso dos juizados especiais. Existem aproximadamente 50 em todo os país, quando o ideal, segundo a secretaria, é que houvesse um em cada município.
Outro exemplo é a criação das redes de atenção à mulher que sofre violência. A meta é que haja uma em cada cidade com mais de 100 mil habitantes e que atenda os municípios próximos, mas atualmente existem apenas 65 casas-abrigo e 108 centros de referência em todo o Brasil.
"Estamos fazendo todo o esforço para que a lei seja aplicada na íntegra, mas não depende só de nós".

Fonte: Folha online (6/8/08)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Gabeira: discussão sobre aborto perdeu importância

O candidato à prefeitura do Rio pelo PV, deputado Fernando Gabeira, afirmou que a discussão sobre a legalização do aborto não tem mais tanta importância. Segundo o deputado, o mais relevante atualmente é prevenir e orientar a população sobre a gravidez indesejada. "Não importa hoje se o aborto é ou não legal, já que sempre haverá discussões. Temos é que evitar a gravidez indesejada. Essa briga não vai conduzir a nenhum resultado", disse o deputado, que também defendeu clínicas de reabilitação para dependentes químicos."Não importa hoje se o aborto é ou não legal, já que sempre haverá discussões. Temos é que evitar a gravidez indesejada. Essa briga não vai conduzir a nenhum resultado", disse o deputado, que também defendeu clínicas de reabilitação para dependentes químico".
Enquanto o nosso ex-guerrilheiro faz uma declaração tão pífia dessas, tipicamente eleitoral, milhares de mulheres continuam se submetendo a cirurgias de aborto em clínicas clandestinas ou aos métodos mais rudimentares, arriscando a própria vida.

Fonte: Terra

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Maria da Penha é indenizada


O valor não paga o sofrimento que essa guerreira passou. Mas significa um avanço e um exemplo a ser seguido na luta contra o machismo e a violência doméstica.
A biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia (foto), símbolo brasileiro do combate à violência contra a mulher, recebe hoje, 7/7, uma indenização do governo do Ceará, no valor de R$ 60 mil.
O pagamento é uma justa compensação do governo brasileiro, que demorou (pasmem!) 19 anos para julgar o processo contra o ex-marido, o economista colombiano Marco Antônio Hereida, que simulou um assalto para tentar assassiná-la.
A violência que Penha passou - que incluiu choques elétricos e tiros - a deixou paraplégica, mas jamais calada.
Hoje, graças a sua coragem e batalha incansável por justiça, temos uma lei mais avançada, que leva o seu nome: a Lei Maria da Penha.
A íntegra da lei pode ser encontrada no endereço: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm

Fonte: Jornal do Brasil, 6/7/2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

Audiência Pública discute lei do aborto no Brasil

Gente, recebi esse informe da Marcha Mundial das Mulheres e gostaria de compartilhar com todas, pela urgência do assunto. Na 4a e 5a feira desta semana haverá uma audiência pública de grande importância no Congresso Nacional sobre a lei do aborto no Brasil: o PL 1135, que defende a criminalização.

Como convidados para esta audiência pública estão especialistas, representantes da Igreja Católica, do Ministério Público, Judiciário e sociedade civil.Um grupo de pessoas convidadas à audiência que defende o direito à autonomia reprodutiva e a laicidade do Estado brasileiro, elaborou o documento anexo intitulado "Resposta da sociedade brasileira ao parecer do relator Eduardo Cunha".

O documento defende a garantia da laicidade do Estado brasileiro, o reconhecimento da liberdade de pensamento e expressão, além do direito das mulheres à autonomia reprodutiva. É breve, porém apresenta uma resposta às proposições do relator.

A Marcha está buscando de assinaturas de apoio a esta posição. Por favor, nos ajudem a divulgá-lo em suas listas. A assinatura deve ser feita no seguinte site:http://www.petitiononline.com/CCJ1135/petition.html
Para conhecer o parecer do relator acesse:
http://congressoemfoco.ig.com.br/UserFiles/Image/Parecer_PL_1135.pdf

É preciso que um assunto dessa natureza, que interessa a todas as cidadãs brasileiras, esteja na pauta do dia, (mesmo diante de posições contrárias) e não em segundo plano, como costuma ficar tudo o que diz respeito às políticas públicas para as mulheres.

sábado, 31 de maio de 2008

Maria da Penha: sua luta não pode parar

Queria registrar aqui o falecimento da companheira Maria da Penha, do Movimento de Mulheres do PT e uma incansável militante do movimento de combate ao racismo. Maria da Penha era coordenadora do "Fala Negão/Fala Mulher e integrava a Secretaria Municipal de Mulheres do PT/SP.
A seguir, um pouco da trajetória dessa guerreira. Porque a luta dessas Marias não pode deixar de ser contada por outras Marias que prosseguirão a sua luta!

Nasceu em 23 de Novembro de 1948.

Morou em vários bairros, mas foi no Bairro de Guaianazes, onde seus pais compraram um terreno e construíram uma casa própria onde passou a vida e construiu sua historia.

Costureira aposentada, art-educadora, fez parte da assessoria de Projetos Sociais da subprefeitura de Itaquera no governo da Companheira Marta Suplicy.
Maria da Penha, não nega a raça. Mãe de três filhas: Ana Célia Minuto de Campos 32 anos, Lucinete M. Campos 28 anos e Elizabete M. de Campos 27 anos, Penha começou a construir sua história ainda pequena, acompanhando o irmão mais velho nas festas, bailes e rodas de tiririca, quando era desafiada a entrar nas Rodas de Samba, não deixava por menos mostrando muito Samba no Pé e o gingado da raça Negra.

Sua contribuição cultural começou na Escola de Samba Estrela de Prata de Poá, como passista, reconhecendo seu talento, foi convidada pelo amigo e sambista Gilson para desfilar na Escola de Samba Falcão do Morro Itaquerense na década de 70 onde logo se tornou "Rainha da Bateria" cargo que ocupou por muito tempo, pois era difícil desafiá-la.

Nos anos 80, fundou junto com outros companheiros e companheiras a Escola de Samba Leandro de Itaquera, onde assumiu vários cargos: Diretora social, Tesoureira, fundadora do departamento feminino, compositora, destaque e Presidiu a direção de harmonia da "escola", sendo a primeira mulher a ocupar este cargo no "Samba Paulistano", atualmente era "diretora de carnaval da entidade".

Foi fundadora e idealizadora, junto com o companheiro Gilson Negão do grupo cultural "Oduduwa" na decada de 90 que originou o Grupo Cultural "Fala Negão/Fala Mulher" da Zona Leste de São Paulo, pois sentiam a necessidade de se discutir com mais profundidade a questão "racial" na região, tornando-se referência no tema. Fez parte do Comitê de recepção ao "Nelson Mandela" quando o mesmo esteve no Brasil.
Foi uma das fundadoras do Comitê de Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria na Zona Leste, (Campanha do Betinho) tornando-se depois diretora da "Ação da Cidadania de São Paulo”.
Neste período, Maria da Penha filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, dedicando-se totalmente a construção do setorial de Negros e Negras hoje secretaria de Combate ao Racismo, participou do Coletivo da Secretaria de Mulheres, priorizando a organização de Mulheres Negras. Como militante atuava no Fórum de Mulheres Negras, Marcha Mundial das Mulheres e Rede mulher contra violência da Zona Leste.

Pela "Fala Negão" a companheira representava a entidade nas seguintes parcerias: Corrente Viva Secretaria Municipal da Saúde, Coordenadoria da Mulher, Rede Leste Contra a Violência da Mulher, Rede social Itaquera - SENAC, Agente cidadão, R.M.E. Fórum de Mulheres Negras, Rede Solidária de Itaquera, Rede Mulher de Educação entre outras.

Sabedora da gravidade de sua doença, "Câncer de Mama" não se abateu, pelo contrario, intensificou suas ações em realizar trabalhos de prevenção em "saúde da mulher", pois sabia que não tinha muito tempo, em reuniões preparava as pessoas para dar continuidade as tarefas que estavam por fazer, na sua ausência queria saber quem iria assumir as funções, queria passar o bastão, não aceitava choradeiras sobre sua situação, cobrava e designava função para todos e todas.

Em uma das ultimas reuniões de organização que participou da sua entidade, a Sociedade Comunitária "Fala Negão/ Fala Mulher", alguém menos desavisado perguntou-lhe se aquela reunião era para saber quem iria ficar em seu lugar, Penha reagiu com firmeza, "Epa! No meu lugar, ninguém fica!" o que quero saber é quem vai cumprir as tarefas que temos pela frente, finalizou.
(Fonte: Secretaria Municipal de Mulheres do PT)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Saúde Feminina ganha maior espaço no blog

A jornalista de saúde Luciana Veríssimo, da revista Âmbito Farmacêutico, é a mais nova colaboradora do blog "Donas de Si". Ela vai abordar assuntos relacionados à saúde da mulher, com foco na prevenção e no que há de mais moderno no tratamento de diversas doenças. Nessa primeira postagem, o destaque é para a importância da higiene íntima e para um dos males que mais atormenta a mulher moderna: a tenebrosa TPM!!! Boa leitura!

Medicina & Saúde: Saúde Feminina

Há um crescimento visível da importância do papel da mulher na sociedade. Isso se reflete não só no comportamento, mas no consumo de informações e de produtos. Pensando nisso, a revista Âmbito Farmacêutico traz uma matéria que aborda alguns dos principais problemas que afligem a mulher moderna. Aproveite as informações para esclarecer as dúvidas de suas clientes

Higiene íntima

A vagina e a vulva (conhecidas popularmente como "partes íntimas") compõem o conjunto dos órgãos genitais da mulher. Com um formato cilíndrico, a vagina é a parte interna da região pélvica, que além de servir como passagem para bebê na hora do parto, também recebe e acomoda o pênis durante o ato sexual.
A vulva corresponde à parte externa dos órgãos genitais. Estão localizados na vulva: o monte pubiano (aquele dos pelos), o clitóris e o seu capuz (órgão sexual mais sensível da mulher), abertura da uretra (logo abaixo do clitóris), entrada da vagina, hímen (no caso das virgens), grandes e pequenos lábios.Uma higiene íntima adequada, com a utilização de produtos recomendados para este fim, é fundamental para manter estes órgãos livres de infecções.
A vagina já acomoda, naturalmente, uma série de microorganismos, que formam a flora vaginal. Os bacilos de Doderlein, por exemplo, são bacilos normais da vagina, que se alimentam de glicogênio, produzidos pelas células vaginais estimuladas pelos hormônios femininos. Estes bacilos produzem ácido lático, o que mantém a pH da vagina ácido para evitar a proliferação de bactérias causadoras de doenças.
Um descuido pode levar ao surgimento de doenças dos mais variados tipos. Secreções e corrimentos são normais, porém, tudo o que for em excesso merece uma atenção maior e o auxílio de um médico ginecologista.
Não é apropriada a utilização de talcos e perfumes, o que pode acarretar alergias e infecções. Outra dica importante é a priorização de calcinhas de algodão e evitar o uso de absorventes externos no dia-a-dia.
Atualmente, o mercado disponibiliza diversos produtos para cuidar da higiene íntima da mulher, como:
-Sabonetes íntimos: Possuem ação anti-séptica natural que impede a proliferação de microorganismos nocivos. - Mantém o pH natural da mucosa genital. Desodorantes íntimos
- Desodorante anti-séptico jato seco: Pode ser aplicado após a higiene íntima, quantas vezes for necessário.
- Lenços íntimos higienizantes: Especial para a pele sensível da região genital
- Lenços suaves e resistentes: repletos de ativos hipoalergênicos que conservam e restauram a microflora da pele. Para eliminar as impurezas da superfície e deixar os poros mais limpos.

Tensão pré-menstrual

A tensão pré-menstrual (conhecida pela sigla TPM) ou transtorno disfórico pré-menstrual é uma síndrome que atinge as mulheres e se caracteriza por inúmeros sintomas psíquicos e físicos. Geralmente, os sintomas da TPM aparecem desde quinze dias até um dia antes da menstruação (fase lútea) e desaparecem poucos dias após o início do ciclo. De acordo com um estudo inédito realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva de Campinas (Cemicamp) com 860 brasileiras, com idade entre 18 e 35 anos, aproximadamente 80% das mulheres disseram que têm ou já tiveram TPM, sendo que em 95% dos casos foram atribuídos à síndrome pré-menstrual sintomas físicos e emocionais.
Causas
Muitas hipóteses tem sido aventadas a respeito das causas desta doença, mas, hoje em dia, o que parece prevalecer é que seja ocasionada por influências hormonais normais do ciclo menstrual, que interferem no sistema nervoso central. Parece haver uma íntima relação entre os hormônios sexuais femininos, as endorfinas (substâncias naturais ligadas à sensação de prazer) e os neurotransmissores, tais como a serotonina. É importante ressaltar que esta síndrome acompanha a ovulação normal da mulher.
Sintomas
Para muitas mulheres os sintomas da TPM são uma parte bastante desagradável de seus ciclos menstruais. Os sintomas mais comuns associados ao problema são: ganho de peso por retenção de líquidos, inchaço abdominal, sensibilidade e dor nos seios, tensão ou ansiedade, alterações de humor, irritabilidade ou raiva, mudanças de apetite e desejos por comida, dificuldades para pegar no sono e insônia, dores musculares e nas juntas, dor nas pernas, dor de cabeça, cansaço. Embora a lista de sintomas seja longa (mais de 200), a maioria das mulheres sente apenas alguns sintomas. Para algumas mulheres, as dores físicas e o estresse emocional podem ser severos a ponto de afetar sua rotina profissional e atividades de lazer e descanso.
Tratamento
Por se tratar de uma síndrome, não existem tratamentos específicos já que os sintomas variam muito de intensidade para cada mulher. Alguns estudos mostram que a vitamina B6 (piridoxina), a vitamina E, o cálcio e o magnésio podem ser usados com melhora dos sintomas. Outro medicamento é o ácido gamalinoleico, um ácido graxo essencial que pode ser encontrado no óleo de prímula. Como esta síndrome está ligada à ovulação, muitas mulheres podem se beneficiar com o uso da pílula anticoncepcional que suspende a ovulação. É possível encontrar pílulas anticoncepcionais que ajudam as mulheres a combater os sintomas da TPM e desejam uma anticoncepção hormonal. Também existe no mercado uma opção à base de cloridrato de sertralina (da classe dos antidepressivos). Esta molécula equilibra os níveis de serotonina no período pré-menstrual.
O melhor tratamento para a síndrome é o que, sozinho ou associado, reduza os sintomas. Deve-se lembrar que qualquer medicamento, mesmo "natural", só deve ser usado mediante prescrição médica. (por Luciana Veríssimo)
(Fonte: Revista Âmbito Framacêutico)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

"Mulheres são burras", diz diretor do departamento penitenciário

Diretor do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, Maurício Kuehne culpa as próprias mulheres pelo fato de 62% das presas do país não receberem nenhum tipo de visita social."Vou usar uma explicação simplista e que me perdoem as mulheres: é que as mulheres são burras", disse Kuehne, ao ser questionado pela Folha se há uma explicação para esse percentual."Elas [mulheres] vão visitar os homens [presos], mas, quando elas são encarceradas, os homens não vão visitá-las. É uma questão de cultura machista", completou.Segundo o diretor do Depen, o baixo índice de visitação nos estabelecimentos para mulheres influencia diretamente no dia-a-dia do estabelecimento. "Influencia, porque a pessoa que não tem essa relação familiar, sua agressividade vai cada vez mais se acentuando. E a dele também, o homem agressivo nos estabelecimentos penais é justamente por conta disso, de não ter o apoio familiar."Segundo ele, 80% dos homens presos recebem visitas sociais. "Os que não recebem é porque a penitenciária é distante, e a família não tem recursos [para o deslocamento]."No ano passado, o governo federal repassou R$ 210 milhões aos Estados, para ações específicas para o sistema penitenciário. Para 2008, estão previstos R$ 520 milhões. "[Esse valor] é um reconhecimento explícito, por parte do governo federal, de que precisa dar mais auxílio aos Estados. Só que esse auxílio ainda é pouco. Ele não vai resolver o problema carcerário dos Estados."Para a juíza Dora Martins, presidente do conselho-executivo da AJD (Associação Juízes para a Democracia), algumas burocracias também têm dificultado as visitas sociais às mulheres, como a exigência, em alguns estabelecimentos, de que as crianças estejam acompanhadas por aquele que tem a sua guarda. Um simples familiar, por exemplo, às vezes não é suficiente."Num domingo, na porta de uma penitenciária masculina e de uma feminina, você já percebe essa diferença. É um corte de gênero. Mas dentro da administração [penitenciária] há uma série de impedimentos. Elas [presas] se queixam de não receber a visita das crianças [filhos]", afirma a juíza Martins.
Fonte: Folha de São Paulo - 26/05/2008

Apenas 9% das presas têm visita íntima

Um raio-X nos estabelecimentos penais femininos do país revela que 62% das mulheres presas não recebem visitas sociais. O isolamento é ainda mais nítido em visitas íntimas: apenas 9% das presas recebem esse tipo de visita. Segundo o governo federal, o quadro nos estabelecimentos penais masculinos é bem diferente. Neles, o índice de presos que não recebem visitas sociais é de 20% -uma diferença de quase 70% em relação às mulheres presas.Os dados sobre as mulheres encarceradas constam de recente levantamento do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e que reuniu os dados a partir de questionários respondidos pelos governos estaduais. Segundo o documento "Mulheres Encarceradas - Diagnóstico da Realidade", hoje, 70% dos estabelecimentos penais (mistos ou exclusivos de mulheres) no país permitem a visita íntima."A visita íntima ainda passa pelo preconceito, por ainda termos uma sociedade muito machista. O homem talvez se sinta envergonhado de visitar a mulher e ter com ela um relacionamento íntimo na prisão, enquanto as mulheres vão [aos presídios] e se casam com os homens", afirma a juíza Dora Martins, presidente do conselho executivo da AJD (Associação Juízes para a Democracia)."Quando a mulher entra no presídio, é mais ou menos como assinar um divórcio. Os homens não são tão fiéis como as mulheres", diz o padre Günter Zgudic, coordenador da Pastoral Carcerária Nacional.Há, hoje, cerca de 27 mil presas no Brasil, distribuídas em 508 estabelecimentos penais, sendo 58 deles exclusivos para as mulheres. Na maioria dos estabelecimentos, a situação é precária: só 27% deles contam com celas especiais para o isolamento da presa (o chamado "seguro") -como o ocupado, hoje, por Anna Carolina Jatobá na penitenciária feminina de Tremembé (interior de SP).Ainda segundo o relatório do Depen obtido pela Folha, 35% dos estabelecimentos com mulheres têm médico de plantão; 25%, atividades educacionais; 19%, berçário; e 16%, creches."Lamentavelmente, não há a observância da Lei de Execução Penal, e os Estados, parece, fazem questão de ignorá-la. Os estabelecimentos penais, como regra, não são dotados dos requisitos contidos na lei", afirma o diretor do Depen, Maurício Kuehne. "O quadro, como um todo, é triste. Chegamos a um ponto em que o quadro atual não pode persistir, precisa ser melhorado."O que acontece muitas vezes, segundo o governo, é que presídios construídos para homens são desativados e, depois, transformados em locais para abrigar mulheres -ou seja, sem a estrutura adequada às necessidades femininas."O quadro é caótico. As mulheres [presas] são afastadas dos filhos. A maioria das unidades prisionais aparta a criança da mãe como um bicho da fêmea. Essa criança é colocada num abrigo, e a mãe nem sabe onde ela está", diz Elisabete Pereira, diretora da Subsecretaria de Articulação Institucional e Ações Temáticas da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. "Não há tempo de preparar a separação ou para que a mãe acione alguém da família para assumir essa criança."Para minimizar tal quadro, a União passou a condicionar o repasse de verbas aos Estados às contrapartidas desses governos ao Plano Diretor do Sistema Penitenciário. Nele, há 22 metas para curto, médio e longo prazos -como assistência à saúde e à educação e profissionalização de presos e presas.O levantamento do Depen também identificou um perfil das mulheres presas semelhante ao dos presos: 60% delas são negras (contra 55% dos homens e de 49% da população total negra do país), 27% têm entre 18 anos e 24 anos (contra 31% dos homens) e 44% possuem o ensino fundamental incompleto (40% dos homens). (Eduardo Scolese, da sucursal de Brasília)
Fonte: Folha de São Paulo - 26/05/2008

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Aprovada a guarda compartilhada de filhos

A Câmara dos Deputados aprovou ontem, por unanimidade, projeto que inclui no Código Civil a opção de guarda compartilhada de filhos de pais separados. Atualmente, apesar de o sistema já existir na prática, o código estabelece apenas a guarda unilateral, na qual o filho fica com a mãe ou com o pai.Pelo projeto, que segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando não houver acordo entre os pais quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada.A proposta diz que a guarda compartilhada poderá ser requerida, por consenso, pelo pai ou pela mãe ou conjuntamente pelo casal ou ser decretada pelo juiz. Nesse último caso, o magistrado terá o poder de definir os períodos de convivência com cada um deles.O texto diz ainda que o juiz poderá se basear em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar.As regras valem também para pais que nunca tenham se casado no papel. A guarda compartilhada é definida no projeto como "o sistema de co-responsabilização do dever familiar em que os pais, em caso de ruptura conjugal ou da convivência, participam igualmente da guarda material dos filhos, bem como dos direitos e deveres emergentes do poder familiar".Além de criar regras e abrir a opção da guarda compartilhada, o projeto define também, no Código Civil, o que denomina de guarda unilateral.O texto diz que a guarda unilateral obriga aquele que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos.Prevê que a guarda será atribuída ao genitor que revele melhores condições para exercê-la e mais aptidão para proporcionar aos filhos afeto, saúde, segurança e educação.A relatora do projeto na Comissão de Seguridade Social, deputada Cida Diogo (PT-RJ), diz que a guarda compartilhada faz com que todas as decisões sobre os filhos, como escola e médico, sejam tomadas em conjunto pelo pai e pela mãe.Rodrigo Dias, fundador da ONG Movimento Pais para Sempre, comemorou a aprovação do projeto. "Já tenho a guarda compartilhada do meu filho há mais de dois anos, mas a aprovação do projeto é importante para permitir um regime de maior convivência entre pais e filhos. Não queremos que nenhum pai, a não ser que queira, seja obrigado a ser pai apenas nos finais de semana.""A guarda compartilhada já existe, mas hoje, se o guardião quer deixar o outro sem informações sobre o filho, ele pode. Esse tipo de coisa não poderá mais acontecer", diz Dias. (Maria Clara Cabral)
Fonte: Folha de São Paulo

sábado, 17 de maio de 2008

Mulher trabalha quase o triplo do homem em casa

A Folha de sábado, 17/5, em reportagem assinada por Claudia Rolli, divulga um estudo do Ibmec, cujo resultado todas nós já sabemos: mulheres com jornada semanal de 40 horas trabalham quase três vezes mais em serviços domésticos que os homens que cumprem a mesma jornada de trabalho. O levantamento foi feito a partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), de 2006, do IBGE e levou em conta informações de 206,5 mil pessoas com renda familiar média de R$ 1.634.
A idade média dos chefes de família e seus parceiros é de 46 e 41 anos, respectivamente. Entre os homens, 85,06% têm jornada de 40 horas ou mais por semana. Na média, eles dedicam 5 horas semanais ao serviço doméstico. O percentual de mulheres que cumprem horário de 40 horas ou mais no tabalho é menor: 56.29%. Entretanto, elas dispensam 18 horas semanais para as tarefas domésticas.
´Comparando mulheres e homens, casados ou não, a diferença persiste. A mulher trabalha em casa, no mínimo, o dobro do que o homem. Dependendo da jornada no mercado de trabalho, essa diferença chega a três ou até quatro vezes`, diz Regina Madalozzo, pesquisadora do Ibmec e um das autoras do estudo.
No Sul do País, segundo o estudo, os homens dedicam mais tempo ao serviço doméstico do que nas demais regiões. ´Ele trabalha em casa uma hora a mais do que um homem da região Sudeste. Esse tempo chega a quase duas horas se comparado ao dispensado por um homem do Centro-Oeste ao trabalho doméstico.` Nesse caso, pesa a questão cultural;. ´A região tem peculiaridades em relação à colonização e costumes. No Sul. os homens têm o hábito de cozinhar mais`.
A redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, reivindicada pelas centrais sindicais não deve ter impacto nas desiguldaes, avalia a pesquisadora. ´Com o tempo, a tendência é que os homens façam mais horas extras para incrementar a renda e diminuam ainda mais o pouco tempo que dedicam ao trabalho doméstico.
Ou seja, esse tempo destinado ao trabalho doméstico bem que poderia ser melhor dividido entre homens e mulheres, mas, infelizmente, no Brasil essa realidade ainda é levada pouquíssimo à sério. O homem ainda é educado para ser o provedor e descansar quando chega em casa. Enquanto milhões mulheres chegam do trabalho e ainda vão cumprir o famoso ´terceiro expediente`em casa, seja preparando a janta, lavando roupa ou cuidando dos filhos. E mais, muitas mulheres não conseguem ´folga`da função nem nos finais de semana.
O resultado disso tudo não é nada animador: stress, irritação, desânimo, doenças cardíacas... em parte, fruto da falta de mobilização, já que grande parte de nós, mulheres, ainda não acordamos de verdade para essa realidade, fruto de uma cultura machista que continua a nos aprisionar e que tende a se perpetuar, soando muitas vezes como a ´lei natural das coisas`.
Nada mais oportuno do que colocar esse assunto na pauta, diante do projeto de redução da jornada do trabalho de 44 para 40 horas semanais. Ou será, que essa redução da jornada nos trará ainda mais tarefas domésticas?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O dia em que conheci o bicho-papão


por Cléria Bittar Bueno
Não, definitivamente não se trata de um conto de fadas para crianças; não é um livro para crianças, pelo menos na forma convencional. É um livro sobre um tema que atinge em cheio a dignidade do ser humano. É a história real de seu autor (ele prefere usar o pseudônimo de Ricardo Dabo), que em criança foi molestado sexualmente.
No momento em que o País todo se abala com as tristes histórias de vidas de crianças ceifadas por mãos impiedosas, relatos escabrosos aparecem e latejam em nossas mentes: que pensa e como age um molestador de crianças? Posso assegurar-lhes, caros leitores, que este livro é um libelo contra esta abominável prática que deixa seqüelas nas almas de muitos adultos sobreviventes do abuso, que se tornam seres sombrios, desconfiados, incrédulos diante de toda aproximação amorosa e desinteressada. O autor de "O dia em que conheci o bicho-papão" inicia seu relato expondo-nos todos os sintomas e mal-estares que torturam os que sofreram abuso sexual. Mais do que transtornos psicológicos, manias de perseguição, insônias, afastamento social, baixa auto-estima, sentimento constante de culpa e vergonha, problemas na esfera da sexualidade, percebemos que toda a dor do mundo está contida em sua narrativa. Esta em vários momentos me fizeram lembrar As dores do mundo, de Schoppenhauer (1788-1860): "Se é certo que um Deus fez este mundo, não queria eu ser esse Deus: as dores do mundo dilacerariam meu coração". A história, narrada em primeira pessoa, passa-se aqui em Franca, onde Ricardo nasceu e viveu até pouco tempo antes de mudar-se para Goiânia. Como epígrafe o livro traz duas frases: "Esquecer é permitir. Lembrar é combater".
Elas nos dizem tudo: as vítimas de abuso sexual não querem esquecer o passado, nem poderiam. Seria uma forma de negar-lhes o direito de questionar o porquê de tamanha barbaridade, de tamanha perversão, quando suas vidas ainda estavam se abrindo. Esquecer o passado seria a conivência com o abuso; há de lembrá-lo, dissecá-lo, para conhecer e combater esta monstruosidade.
Ler este livro é um exercício de voyeurismo, pois ficamos tão integrados às cenas que Dabo descreve que nos transportamos para lá, onde ocorrem os fatos. Todas as emoções, o pulsar de suas veias, seus poros latejantes, sua curiosidade infantil a respeito do sexo, tudo isto sentimos como se passasse conosco; assim como o asco, o estômago embrulhado, o mal-estar quando descreve a noite fatídica que seria, de certa forma, a protagonista de sua existência.
A estratégia do pedófilo é manter suas vítimas em sua 'posse', tal fossem um objeto inanimado. Falantes, gentis, 'carinhosos', preocupados, aproximam-se quase sempre oferecendo um universo colorido de possibilidades e de pequenas riquezas infantis: brinquedos, balas, gibis... E uma vez conquistada a confiança da criança, dão o bote definitivo. A memória registra e nunca mais se livra do ocorrido.
Serviço:
Título - O dia em que conheci o bicho-papão
Autor - Ricardo Dabo
Editora - Kelps
Preço - R$ 15

Liberdade de expressão - defenda a sua!

Acompanho o noticiário diário por dever de ofício e obviamente vi a interdição da Justiça às passeatas em favor da descriminalização da maconha no país.
Pensei, por que não passeatas a favor da liberdade de expressão? De expressar a indignação com o Judiciário: o aborto ilegal está liberado há muito tempo, já o legal, não; as plantações de cannabis, facilmente rastreadas por satélites nem tão sofisticados são permitidas, enquanto o uso do produto final, supostamente, não; a venda de psicotrópicos (antidepressivos, ansiolíticos e outros) sem receita é proibida, mas a prática continua no varejo farmacêutico em todo o país e gera dependentes químicos tanto quanto o uso de drogas ilegais.
Enfim, só para ficar em uns poucos exemplos. E você, defenderia a liberdade de expressão em nome do quê?
Viviane Mottin é jornalista e psicanalista

terça-feira, 13 de maio de 2008

Diferença de tratamento



Que tal falamos sobre as conquistas das mulheres em outros países? Aqui nos Estados Unidos, a mulher americana lutou tanto pelo direito de sair de casa e trabalhar competindo com o homem, que o resultado foi de que o homem se acomodou, ficando mais em casa e a tonta da mulher tentando fazer carreira ( isso lógico, em termos de classe média e de baixa renda) e praticamente sustentando o marido.
O salário da mulher nos EUA também ainda é menor do que o de um homem ocupando a mesma posição numa empresa. Toda a luta pela liberação da mulher teve um lado negativo.
Em compensação, o homem americano é menos machista. Você dificilmente ouve comentários maliciosos vindo de um homem para uma mulher andando na rua, como se ouve no Brasil. Dois anos atrás, eu assisti um programa americano chamado AMAZING RACE que foi filmado em São Paulo.
Num certo momento do programa, algumas garotas americanas tinham como tarefa a montagem de motocicletas que haviam sido previamente desmontadas. Elas comecaram a montar as motocicletas na calçada de uma oficina mecânica em SP. Ao redor delas. espectadores assistiam e faziam comentários a respeito das meninas.
Eu fiquei chocada com os comentários de fundo sexual extremamente grosseiros e degradantes que os homens faziam. Aqui o homem vai preso se fizer um comentário desse tipo para uma mulher estranha na rua. A lei te protege. Da mesma forma no trabalho, o assédio sexual é punido.
Enviado por Elisa Ficarelli Mikenas, Diretora Executiva de Manutenção de Hotéis, que mora há 16 anos nos EUA

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Falta atendimento para mulher vítima de violência no ABCD

Violência contra mulher. O tema, bastante conhecido, ainda é tratado de forma desigual no ABCD. De um lado, centros de referência como a Casa Beth Lobo, em Diadema, e a Casa Vem Maria, criada e mantida pela Prefeitura de Santo André; de outro, a cidade de São Bernardo, que não possui atendimento especializado e sofre com a alta demanda de mulheres agredidas.
Criada em 1998, pelo desejo do Movimento de Mulheres, o projeto Casa Vem Maria atendeu 1.200 pacientes em 2007 – dessas, 263 mulheres passaram pelos serviços pela primeira vez.
De acordo com a coordenadora do projeto, Léa Gomes da Cruz Soares, a maioria das mulheres que são encaminhadas à casa passaram antes pelo atendimento hospitalar por conta de lesões físicas. Só depois de muito relutar em admitir que sofriam de violência, procuraram ajuda. "Nosso tratamento é contínuo. Tentamos romper o laço de agressão, que muitas vezes significa romper as relações com o parceiro agressor."
Em tratamento há um ano e meio, Carmem (nome fictício), procurou o Vem Maria após 14 anos casada com um homem violento. A paciente conta que durante todo o casamento foi à única provedora financeira da casa e que teve de desistir da maternidade por causa do marido. "A maior violência foi a moral e a psicológica. As agressões eram diárias e só cessou a partir do momento em que cheguei ao Vem Maria. Tinha vergonha e medo. Tinha receio de falar o que acontecia comigo, iria desmoronar um castelo que eu construí", conta Carmem, que há um ano se separou do marido, voltou a fazer faculdade e realizou o sonho de ser motociclista.
De acordo com a promotora de Justiça Criminal de São Bernardo, Eliana Vendramini, a cidade conta apenas com as duas casas-abrigo que atendem as setes cidades da Região, e não possuem atendimento especializado. "A questão de São Bernardo é emergencial porque a demanda é muito grande e não podemos tratar de um assunto tão sério apenas no âmbito judicial. No caso de um agressor alcoólatra, não podemos puni-lo sem tratá-lo. Não faz sentido", afirma Eliana.
O serviço prestado pelo Vem Maria é público e gratuito, com a participação de psicólogos, advogados e terapeutas. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na rua Cesário Mota, 51, Centro. O telefone é o 4992-2936. (Carol Scorce)
Fonte: ABCD Maior www.abcdmaior.com.br/

Dom Juan e os homens

O que dizer da relação de Don Juan, como mito da sedução, com os homens? Há um tipo muito particular de Don Juan que só seduz mulheres comprometidas com homens. Ou seja, mulheres que, mesmo assumindo o papel feminino em relação amorosa com outras mulheres, não interessam.
Tal qual o Don Juan sedutor de mulheres, o tipo que procura mulheres vinculadas a outros homens o faz insistentemente e não está interessado no feminino. O objeto de desejo de conquista, neste caso, é o homem, não a mulher.
Esse tipo de Don Juan passa a vida sabotando um desejo homossexual inconscientemente reprimido. Tal repressão se transforma em agressividade na relação com as mulheres. No papel de "macho", o tom sádico aparece em gestos violentos, em que o beijo vira mordida, e os toques carinhosos marcas de garras. A volubilidade, entendida como virilidade em certas culturas, impede o aprofundamento da relação. E daí o estigma de sedutor de Don Juan.
A inquestionável masculinidade, no entanto, mascara a suscetibilidade homofóbica que sequer permite a aproximação, ainda que por amizade, de homens homossexuais. Don Juan teme a contaminação do desejo explicitado de um homem por outro homem, que pode ser ele mesmo. A eterna busca do homem, por meio da relação com mulheres, remete à figura paterna.
O vínculo do bebê com a mãe se constrói por necessidade de sobrevivência (o seio que dá leite), que depois torna-se afetivo. Já o vínculo com o pai é intermediado pela mãe, e por outro tipo de necessidade. Pode-se dizer, necessidade de ser no mundo, na cultura, uma vez que o pai ou sua representação (figura paterna) interdita a fantasia do menino de que a mãe é toda sua, numa relação simbiótica em que nada falta.
O pai ensina que a mãe é sua esposa, e o menino é filho de ambos. Se este pai, mesmo existente e presente, for inacessível ao investimento afetivo do filho, a busca do vínculo, o desejo de conquista do masculino, pode perdurar por toda a vida. Porém, se a figura paterna for receptiva ao investimento afetivo da criança, o vínculo se dará positivamente, e esta fase da evolução emocional do menino estará completada.
A figura paterna pode ser um parente, o avô, um tio, o namorado da mãe, ou ainda (objetos) outras pessoas relacionadas às atividades da criança fora do círculo da relação mãe-filho, que vão aparecendo na socialização na escola, no lazer, no aprendizado da religião, nos meios de cultura, enfim.

Viviane Mottin é jornalista e psicanalista

sábado, 10 de maio de 2008

Punidas por abortar


A revista Época desta semana mostra que quase três mil brasileiras estão na mira da Justiça por ter praticado o aborto. Dessas 25, já estão cumprindo pena. O maior inquérito do país sobre a prática ilegal levanta polêmica: que punição elas devem ter? A reportagem ainda mostra como mulheres mais pobres são tratadas nas clínicas de aborto clandestinas.
Em Campo Grande (MS) cinco mulheres foram acusadas de cometer aborto e submeteram-se à pena alternativa de prestação de serviços à comunidade. Ao todo, são 2.800 fichas médicas nas mãos do juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Mato Grosso do Sul, Aloísio Pereira. Também é a primeira vez que mulheres são acusadas por aborto sem um flagrante policial. A apreensão das fichas aconteceu em 13 de abril de 2007, ao ser desmantelada uma clínica de planejamento familiar, no centro de Campo Grande, onde aconteceriam os abortos. O texto diz que a rotina de uma delas é constrangedora, já que tem que atrasar-se no trabalho por ter que prestar a pena alternativa antes do expediente, o que a obriga a dar desculpas ao chefe. A médica acusada de fazer os abortos clandestinos, a anestesista Neide Mota Machado, 54, se diz defensora dos direitos da mulher e nega ter feitos os abortos clandestinos. Na sua clínica, (que na entrada tinha uma faixa com os dizeres ´Planejamento Familiar`) as mais pobres eram tratadas como ´banguelas`, uma referência às fichas das mulheres de baixa renda.
Por serem mais pobres e pagar menos pelo procedimento (cerca de R$1 mil) também só tomavam remédios abortivos, como o Cytotec, e eram orientadas a procurar um hospital público quando começassem a ter hemorragias.
A pena a qual foram submetidas também é questionada. O juiz Aluízio Pereira dos Santos afirma que a decisão foi proposital, para fazê-las refletir sobre a maternidade. ´Mandar mulheres que abortam recentemente trabalhar com crianças é uma torura moral e afetiva`, diz a antropóloga Debora Diniz, diretora de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, em Brasília e defensora da discriminalização do aborto.
O Brasil tem mais de 1 milhão de abortos clandestinos por ano, segundo estimativa da ONG Ipas Brasil, ligada à saúde reprodutiva. Semana passada, a Câmara dos Deputados votou um dos 17 projetos de lei sobre o tema. O projeto, de 1991, propunha a revogação do artigo que penaliza as mulheres, mas o relator, o deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP) mudou o texto para manter a lei como está.
O assunto, porém, passou em branco pela nossa imprensa.
Fonte: Época n° 521 (12/05/2008) - Foto reproduzida da revista

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Primeira Jornada da Violência contra a Mulher, a Criança e o Idoso
Quando: 5 de junho de 2008, das 9h às 17h
Onde: Auditório Antonio Carlos Amorim - EMERJ ( Av. Erasmo Braga, 115, 4º andar, Centro-RJ)
Programação

Manhã:
Coordenadora da Mesa: Desembargadora Conceição Mousnier – TJ/RJ – Presidente do Fórum de Permanente de Direito de Família
9h: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - Palestrante: Drª Ana Maria Iancarelli – Psicanalista Especialista em Atendimento a Vítimas de Violência
10h: VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE - Palestrante: Drª Ivone Caetano – Juíza Titular da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso.
11h: VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO Palestrante: Dr. Leonardo de Castro Gomes – Juiz Titular da 17ª Vara Cível da Capital.

Tarde:
Coordenardora da Mesa: Drª Leilah Borges da Costa – Presidente do Instituto Brasileiro de Família - IBDFAM.
14h: VIOLÊNCIA DO TRATAMENTO LEGAL - PalestranteDesembargadora Conceição Mousnier – TJ/RJ – Presidente do Fórum de Permanente de Direito de Família:
15h: LEI MARIA DA PENHA - Palestrante: Drª. Leila Linhares Barsted- Advogada, Membro do Comitê de Acompanhamento da Implementação da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher da OEA e Coordenadora Executiva da CEPIA.
16h: MEDIDAS PROTETIVAS - Palestrante: Drª. Tânia da Silva Pereira- Advogada – Professora de Direito – PUC/RJ

Inscrições gratuitas (vagas limitadas)
Informações: Secretaria da EMERJ: (21) 3133-3369 / 3133-3380
INSCRIÇÕES GRATUITAS E EXCLUSIVAS PELO SITE http://www.emerj.rj.gov.br/

Fonte: Portal Violência contra a Mulher http://www.violenciamulher.org.br/

Brechó Vovó Filomena faz reservas pelo Orkut




Companheiras, gostaria de compartilhar com vocês o endereço do brechó Vovó Filomena, da Janaina, que trabalha na Secretaria de Movimentos Populares do PT. O brechó abre sábados, domigos e feriados - para quem vive ocupadíssima durante a semana. Com pouca grana e muita criatividade, você poderá montar um visual para todas as ocasiões: roupas novas e usadas, tamanhos grande, uma grande variedade de batas, casacos, blazers, botas (para ficar chiquérrima e aquecidinha no inverno), calças, conjuntos, malhas, vestidos, acessórios e muito mais! Ah! E o preço, nem se fala: peças de R$ 3,00, R$ 5,00, R$ 10,00 e R$ 15,00 (as novas). O diferencial é que quem quiser fazer uma pesquisa pelo Orkut, pode procurar no endereço http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=6794372354575800182 A Jana já vai olhando no ´estoque` de artigos e fará uma reserva personalizada. O endereço é rua Dr. Odilon, 58

Dom Juan e as mulheres


Em tempos de tantos Don Juan e de tão poucos amores de verdade, vale revisitar esta personagem literária que tornou-se o mito do sedutor por excelência. E, para isso, nada melhor que atualizá-lo, revendo Don Juan De Marco, filme de Francis Ford Coppola. Quem é o Don Juan (Johnny Deep), de Coppola? Um paciente psiquiátrico que, ao delirar a perda da mulher que considerava o grande amor de sua vida, ameaça atirar-se do alto de um prédio. É socorrido pelo psiquiatra Jack Mickller (Marlon Brando), que o interna e passa a escutá-lo.
Don Juan, como se sabe, seduz. Mas não conquista. Aquele Don Juan, de Coppola, não perde o grande amor da sua vida. Na verdade, sofre porque a única conquista que lhe interessa é um amor impossível: a moça do outdoor, a quem devota o seu amor, e portanto é rejeitado da pior forma possível, que é a indiferença. Ele a conhece e reconhece, mas para ela, ele não existe. Aquela moça não pode ser seduzida e muito menos conquistada.
Quem, na vida de Don Juan nunca pôde ser seduzida, a não ser na fantasia, e por tramas do destino não pôde ser conquistada? Por trás do amor platônico pela moça do outdoor há outra figura feminina da vida de Don Juan. O verdadeiro amor, o primeiro, como acontece com todos os homens. A mãe. Esta não pode ser seduzida, pois que há uma interdição moral que vem dela mesma. Mas, normalmente, quer conquistar e ser conquistada.
Don Juan não seduz a mãe, nem teve a chance de conquistá-la. A mãe o abandona, quando criança. Ou seja, a mãe só existe em outdoor, distante, indiferente. É linda, é grande, é promessa. Simbolicamente, toma toda a vida de Don Juan.
A reedição do abandono acompanhará Don Juan por toda a sua vida na relação com as mulheres. Em cada nova busca de uma mulher para seduzir, na verdade Don Juan está procurando o encontro primordial com a sua mãe. O abandono das mulheres seduzidas ocorre porque a conquista está interditada, já que não foi consumada no amor primário.
Don Juan não realiza o amor pela mãe, o que o condena a fantasiar na vida adulta o que poderia ser amorosamente. Já o psiquiatra escuta, encantado, as aventuras de Don Juan, fantasiando os episódios de sedução e colocando a sua única mulher, a esposa, no lugar das várias personagens trazidas pelo paciente. Descobre, então, que vem deixando sua mulher em segundo plano - abandono?
Jack Mickller volta-se para sua mulher, recriando uma relação apaixonada, adulta e madura, em que a conquista se evidencia pelo amor às muitas mulheres que há em uma só. Amor que integra, acolhe e ampara, em contraponto ao que despedaça nos outros o que está estilhaçado em si. Assim, Jack Mickller recria o mito, como um Don Juan conquistador, ao contrário do solitário e empobrecido Don Juan sedutor.

Viviane Mottin é jornalista e psicanalista.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Pesquisa: 70% das mulheres que abortam têm filhos

Estudo realizado pelas universidades de Brasília (Unb) e Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) indica que pelo menos 70% de todas as mulheres que fizeram aborto já têm ao menos um filho, e na maioria dos casos, decidiram interromper a gravidez planejadamente porque os métodos contraceptivos falharam ou não foram usados corretamente. A pesquisa diz ainda que 3,7 milhões de mulheres em idade fértil (até 49 anos) já abortaram. O estudo também mostrou que além de terem ao menos um filho em relacionamento estável, essas mulheres trabalham e são católicas.
(Fonte: O Globo, 2/5/2008)

Aumentam registros de crimes contra mulheres


Os números que registram a violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro cresceram no ano passado em relação ao ano de 2006. Conforme dados do Dossiê Mulher, divulgados ontem (30/4/2008) pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), houve mais mulheres vítimas de estupros, homicídios, atentado ao pudor, agressão física e ameaça. O maior percentual de aumento foi dos estupros que cresceram 7,7% de um ano para o outro. Os autores do trabalho se concentraram em alguns crimes mas comuns contra as mulheres. Em 2006, foram registrados 1.278 casos de estupros em todo o estado. Já no ano passado, foram feitos 1.376 registros, ou seja, 98 casos a mais, uma proporção de 8,7 casos para cada 10o mil habitantes. A Área Integrada de Segurança Pública (AISP) onde houve o maior número de casos foi a do Batalhão Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Outras AISP´s da região também estão na frente das estatísticas. Nos casos de atentado violento ao pudor, houve aumento de 2,7% de um ano para o outro (1.272 casos em 2006 e 1.306 no ao seguinte). As AIP´s de Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Belford Roxo são as líderenos de casos no estado. Na capital, também é a de Rocha Miranda a que registra mais casos. As principais vítima, no entanto, são crianças de 6 e 11 anos e pouco mais de um terço das vítimas foram atacadas por parentes. O número de mulheres vítimas de homicídio também aumentou, passando de 409 para 435 em 2007. O maior número de casos, novamente, foram nos três batalhões da Baixada. As maiores vítimas foram mulheres entre 25 e 39 anos. Já o número de mulheres agredidas (lesão corporal culposa) passou de 42.669 para 45.514. As maiores vítimas foram as mulheres de 25 a 39 anos. Já os crimes de ameaça representaram 62,4% de todas as vítimas deste crime no ano passado.
(Fonte: O Globo, 1/5/2008)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Teremos uma mulher na Presidência da República?


Como as eleições estão aí, queria aproveitar esse espaço para discutir a participação política das mulheres brasileiras. Na América do Sul, duas mulheres, respectivamente na Argentina e Chile, assumiram a presidência da República desses países: Cristina Kirschner e Michele Bachelet (foto). No Brasil , vez por outra ouvimos na imprensa reportagens sugerindo que a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff seria a candidata do PT à presidência. Esse debate, no entanto, ainda está muito incipiente. uma vez que que essa seria a primeira vez que uma mulher ocuparia o mais importante cargo político do País. Na Argentina, ao que parece, a presidente eleita trilhou os rumos do marido, Nestor Kirschner. Ou seja, ao que parece, apenas houve a transferência da faixa do marido pra esposa. No Brasil, ainda predomina (e isso até entré nós, mulheres) aquela cultura machista de que a mulher não tem capacidade pra assumir um cargo de tamanha responsabilidade. Predominam ainda muitas candidaturas que surgem à reboque dos homens. Muitos fatores culturais estão implícitos, principalmente porque ainda somos tratadas para sermos belas e jovens e não para sermos seres políticos e pensantes. Outra coisa importante seria saber se os patidos estão cumprindo as cotas destinadas às candidaturas femininas. A provocação está aí...vamos ao debate!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Brasil: Mulheres sofrem conseqüências da crise de segurança pública em comunidades marginalizadas

Em relatório divulgado hoje, 17 de abril, a Anistia Internacional revelou as histórias não contadas de mulheres forçadas a viver, educar seus filhos e lutar por justiça nas favelas do Brasil.“A realidade para as moradoras de comunidades carentes é catastrófica. São as vitimas escondidas da violência criminal e policial que tem dominado suas comunidades há décadas,” disse Tim Cahill, pesquisador sobre temas relacionados ao Brasil na Anistia Internacional. O Estado brasileiro está praticamente ausente nas comunidades marginalizadas e muitas vezes o único contato dos moradores com o governo se dá através de invasões policiais esporádicas e militarizadas.Apesar de o governo brasileiro ter lançado um novo projeto que promete acabar com décadas de negligência, pouco foi feito para que fossem analisadas e atendidas as necessidades específicas das mulheres que vivem nestas comunidades. “Longe de protegê-las, muitas vezes a polícia submete mulheres a revistas ilegais feitas por agentes masculinos, utiliza linguagem abusiva e discriminatória e as intimida, especialmente quando elas tentam intervir para proteger um familiar,” disse Tim Cahill. Mulheres que lutam por justiça para seus filhos e companheiros acabam na linha de frente, enfrentando ameaças e abusos por parte da polícia. “Na ausência do Estado, chefes do tráfico e líderes de gangues são a lei na maioria das comunidades carentes. Eles punem e protegem, e usam mulheres como troféus ou instrumentos de barganha”, afirmou Tim Cahill. Usadas como “mulas” ou como “iscas” por traficantes de drogas, mulheres são consideradas descartáveis tanto por criminosos quanto policiais. A Anistia Internacional ouviu histórias de mulheres que tiveram a cabeça raspada quando acusadas de infidelidade e que eram forçadas a ceder favores sexuais como pagamento de dívidas. Além disso, um número cada vez maior de mulheres está indo para o sistema prisional brasileiro, superlotado e com péssimas condições de higiene, onde estão sujeitas a abusos físicos e psicológicos – em alguns casos ate mesmo ao abuso sexual. Os efeitos do crime e violência ecoam em comunidades inteiras, afetando seriamente serviços básicos, como saúde e educação. Se as clínicas locais estiverem localizadas no território de uma gangue rival, mulheres são forçadas a se deslocar por quilômetros para ir ao médico. Creches e escolas podem ser fechadas durante longos períodos por conta de operações policiais ou da violência criminal. Profissionais das áreas de saúde e educação muitas vezes têm medo de trabalhar em comunidades dominadas pelo tráfico. Mulheres em comunidades carentes vivem sob constante estresse. Nas palavras de uma delas: “Eu vivo dopada, tomo remédio de maluco! Aquele diazepan para dormir. Porque se estou lúcida não consigo dormir, com medo. Dopada, pego minha filha, me jogo no chão, para me proteger do tiroteio e durmo a noite toda. Se minha filha perder a chupeta, ela vai chorar a noite toda, porque deu oito horas da noite eu não saio mais de casa”.“Os direitos dessas mulheres são violados pelo Estado de três maneiras: este apóia práticas policiais que conduzem a execuções extrajudiciais; perpetua um sistema que torna o acesso à justiça extremamente difícil, senão impossível; e as condena à miséria”, disse Tim Cahill.O Estado brasileiro introduziu algumas iniciativas positivas, como a lei Maria da Penha, que aumenta a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica – mas esta ainda precisa ser integralmente implementada. Políticas amplas e de longo prazo, que objetivem a melhora das condições de vida de mulheres em comunidades marginalizadas, são extremamente necessárias para o fim da violência contra a mulher. Como primeiro passo, a Anistia Internacional urge o governo brasileiro a integrar as necessidades das mulheres no novo plano de segurança pública, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania.
Fonte: Anistia Internacional http://www.br.amnesty.org/

Mulher, filhos e trabalho...uma relação (ainda) complicada!

Gente, gostaria de registrar aqui as dificuldades que ainda encontra a mulher com filhos no mercado de trabalho. Recentemente, fui fazer uma entrevista para uma vaga de assessora de comunicação política de um partido nacional e não pude ficar porque tinha uma filha. Em outro período, um grande jornal de São Paulo também alegou que eu não poderia assumir a vaga (da qual, passei pelo teste escrito) porque tinha uma filha (...) Resultado: a escolhida foi uma recém-formada que desistiu da vaga três dias depois. O mais interessante, é que nos dois casos, quem me entrevistou foram homens. E mais, em ambos os casos, os dois tinham três filhos! Em outras palavras: ELES PODEM , porque em casa contam com o total apoio familiar da mulher e de parentes. Já para nós isso não é permitido, porque o filho "ainda é muito mais da mãe" do que "do pai". Então, mulheres, em especial, jornalistas, fica o aviso: se quiserem trabalhar com tranqüilidade, é melhor abrir mão da maternidade, porque com certeza AINDA vão ouvir esse tipo de coisa. E não adianta argumentar que você é uma profissional responsável e conta com o suporte necessário para a criança, seja da escola, do pai, parentes ou profissionais domésticos. Sem contar, gente, que essas coisas precisam ser dividades entre os pais de uma maneira mais justa. Porque, pelo que vejo, no mercado de comunicação, os patrões querem pessoas sem horário pra sair, do tipo dedicação exclusiva, o que já é um abuso para qualquer ser humano, seja homem ou mulher. Para eles, o homem também não tem família? Ainda iremos repercutir essa situação aqui. Alô Sindicato dos Jornalistas, que tal discutir essa situação com mais profundidade?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Discriminação nos presídios

A revista Cláudia desse mês traz uma reportagem bem interessante sobre o cotidiano das mulheres presidiárias. A matéria destacou três presídios femininos: a Colméia, ou Penitenciária Feminina do Distrito Federal, o Talavera Bruce, em Bangu, no Rio e a Penitenciária de Santana, em São Paulo. Um dado que me chamou a atenção é que nos 11 presídios femininos de São Paulos as mulheres não tem direito à visita íntima (...)Ou seja, apenas os homens presos podem receber suas companheiras nos presídios paulistas. O que as autoridades alegam, não sei, mas a impressão que me passa é que o " desejo sexual masculino" é mais legítimo, ou o que homem tem mais "necessidades sexuais". Bom, o mais triste disso tudo é que mesmo assim, em algumas cadeias femininas onde a visita é liberada, o homem não comparece... tão diferente das cadeias masculinas, onde as filas de mães, esposas e filhas dobram os quarteirões. Além da visita íntima, elas levam comida, afeto e solidariedade. Na Colméia, a visita é permitida, mas a cama de solteiro, destinada ao casal, vive sempre vazia. " A mulher visita o marido preso a vida inteira. Mas eles não são fiés como nós", desabafa a presa Raquel Faleiros, de 28 anos. Em algumas cadeias, nem mesmo o amor gay entre as presas é permitido. Na Colméia, quem for pega com outra companheira de calcinha vai para a solitária. Em outras palavras, sexo, nem pensar!!! No Talavera, apenas as presas que têm "relação estáveis" têm o direiro de ser escoltadas para a casa do companheiro. Outro dado triste é a vida das mães presidiárias. Muitas precisam deixar seus filhos em abrigos, já que o pai não se responsabiliza pelas crianças. Outras cuidam das crianças na própria cela. No Paraná, as crianças ficam até os seis anos no cárcere. No Rio Grande do Sul, até os três anos. São Paulo, até os quatro meses. As crianças convivem com a umidade e a superlotação das celas e crescem sem nunca terem visto a rua. Um paradoxo do nosso sistema penitenciário, que visa a "ressocialização" e a "educação" . Diante de tanto dinheiro gasto no nosso País, bastaria interesse dos governos e da sociedade em reverter essa situação, instituíndo creches e pessoal de apoio para cuidar dessas crianças. Fica aí o apelo.

Estamos aqui, pro que der e vier!

Este blog quer contribuir pra, ao nosso ver, a única revolução em marcha: a revolução feminina. Há mais de 100 anos, as mulheres lutam por melhores condições de vida e trabalho, e acima de tudo, contra a supremacia do modelo machista, infelizmente, ainda tão presente na nossa cultura (e cá entre nós, do qual, nós mulheres temos nossa parcela de responsabilidade). Nesse sentido, vale voltar ao ano de 1857, quando 130 companheiras morreram carbonizadas dentro de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque (EUA) por terem se rebelado contra as péssimas condições de trabalho. Naquela época, elas já lutavam pela igualdade de direitos com os seus companheiros homens, pois trabalhavam mais de 16 horas diárias e recebiam bem menos por isso. Bom, isso pra nós não é nenhuma novidade, visto que ainda hoje, mesmo com maior escolaridade, continuamos ganhando até 50% menos que os homens.
Também vale lembrar que no Brasil, apenas em 1932, conseguimos o direito de votar e de ser eleitas. Nosso voto tem apenas 78 anos, pois antes éramos consideradas "incapazes" para decidir os rumos políticos no nosso País. Há anos resistimos ao machismo e à discriminação.
Ou quem esquece, que mesmo com tantos avanços, somos nós que ainda fazemos quase todo o serviço da casa, ou seja, a sociedade nos "deu" direitos, mas instituiu o "terceiro expediente" à noite, quando chegamos em casa?
Romper com isso, totalmente, ainda está no plano das idéias, pois os homens ainda são criados para não assumir responsabilidades com a casa ou a família. Resultado: mulheres sofrendo mais com o stress e com problemas cardíacos.
Nosso blog quer dar uma força discutindo esses assuntos mais diretamente. Vamos falar sobre os diversos aspectos que envolve a saúde feminina, e não apenas os relacionados à saúde sexual. Queremos divulgar projetos de lei, parados ou em andamento, que beneficiem a mulher, mas dos quais, muitas vezes, não tomamos conhecimento. Vamos refletir sobre o movimento feminista no Brasil, que depois de anos de luta e de ampla participação na bancada feminina que elaborou a Constituição de 1988, sofre diversas tentativas de ser sufocado ou de ter acabado. Também ficaremos de olho na mídia, destacando matérias que falam do nosso cotidiano, das nossas dificuldades e da verdadeira beleza que existe em ser mulher. Não a beleza pregada pelas reportagens de estética ou beleza das chamadas "revistas femininas", cujo objetivo principal é seduzir o homem. Mas aquela que existe na força feminina, que assume diversas tarefas e ainda encontra tempo pra sensibilidade e pro afeto. Aquela força, da qual, um homem de grande sensibilidade, Milton Nascimento, eternizou: "Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida....E vamos à luta!!