segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Especialistas: mulheres têm chances em 4 capitais


Apenas 25 dos 176 candidatos às prefeituras de capitais nas eleições municipais são mulheres. Apesar do percentual baixo das candidaturas - 14,2% - elas despontam como favoritas em pelo menos quatro capitais, o que abre a possibilidade de um resultado histórico para as mulheres. Hoje, só uma capital é administrada por uma mulher. A despeito do provável avanço, especialistas alertam para as limitações da participação feminina nos pleitos.
Atualmente, apenas Fortaleza está sob comando de uma prefeita. Luizianne Lins, candidata à reeleição, é, por sinal, uma das quatro candidatas que hoje ostentam o primeiro lugar nas pesquisas. Nesse escrete aparecem também a correligionária e candidata à prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (foto), que também lidera nas pesquisas, a deputada federal e candidata do PCdoB em Belo Horizonte, Jô Moraes, e Micarla de Souza (PV), em Natal.
Na capital potiguar, aliás, não só Micarla lidera a corrida eleitoral com 54%, de acordo com última pesquisa Ibope, como o segundo lugar também é ocupado por uma mulher, a petista Fátima Bezerra. Isso sem contar outros grandes colégios eleitorais do país onde as candidaturas femininas, apesar de não liderarem as pesquisas, mostram-se competitivas, como no Rio, onde Jandira Feghali (PCdoB), com 17%, ocupa o segundo lugar, atrás do senador Marcelo Crivella (PRB). E em Porto Alegre, onde a dupla de deputadas federais Maria do Rosário (PT) e Manuela D'Ávila (PCdoB) seguem de perto o atual prefeito e candidato à reeleição José Fogaça (PMDB). Na capital gaúcha, dos oito postulantes, quatro são mulheres.
"Temos ainda um caminho longo para que a disputa eleitoral seja mais igualitária", contemporiza a cientista política da Universidade de São Paulo, Maria do Socorro.
A diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Natalia Mori, endossa:
"Todo aumento é algo para se comemorar. É sinal de que os dados começam a refletir maior participação feminina", admite a pesquisadora. "Mas ainda não é o suficiente para alterar a ordem do problema. A política continua sendo um dos pilares que temos que romper para superar a estrutura patriarcal."
A cautela das especialistas é justificada pelos números. Apesar das candidaturas femininas competitivas, em 12 capitais - quase metade do total do país - nenhuma mulher está na disputa, incluindo cidades de peso como Salvador, Goiânia e Manaus.

Obstáculos

Natalia Mori, do Cfemea, conta que quatro fatores são vistos como primordiais para explicar a baixa participação feminina na política. O primeiro estaria relacionado à cultura, à maneira como homens e mulheres passam, desde pequenos, por experiências de aprendizagem diferenciadas que os levam a considerar como normais projetos de vida diferenciados. Os homens seriam educados para o sucesso individual no mundo público, enquanto sobraria para as mulheres o cuidado com o bem-estar da família. O segundo fator seria a divisão do trabalho entre os
Outro dado que preocupa as especialistas é a tendência da predominância masculina mais acentuada quando se trata de eleições majoritárias.