sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Serviço de ajuda a mulheres agredidas dobra atendimento

O número de atendimentos do Ligue 180, que recebe ligações envolvendo mulheres em situação de violência, mais que dobrou no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2007.Foram 121.424 atendimentos de janeiro a junho deste ano para esclarecer dúvidas, colher relatos de violência doméstica e encaminhar vítimas a delegacias ou defensorias, na maioria das vezes. No mesmo intervalo de 2007, o total foi de 58.417, segundo a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.Pela manhã, a secretaria informou que o total de atendimentos em 2008 somava 121.891. Procurada pela Folha à noite, a secretaria não soube informar qual seria o dado correto. A diferença entre os totais é pouco significativa.Ligações para relatar ou denunciar casos específicos de violência subiram de 8.693, no primeiro semestre de 2007, para 9.542 neste ano.Crescimento maior foi verificado no número de pedidos de informação especificamente sobre a Lei Maria da Penha, que completou ontem dois anos de vigência. Foram 49.025 atendimentos neste ano, contra 11.020 em 2007.Para a secretaria, o aumento se deve a uma modificação no atendimento e a uma maior divulgação da Lei Maria da Penha. Para especialistas, não é possível dizer que a violência contra a mulher aumentou.Em comemoração dos dois anos da lei, foi divulgada uma pesquisa do Ibope em parceria com a ONG Themis que mostra o apelo da lei na sociedade.Das 2.002 pessoas consultadas, 68% disseram conhecer a lei, mesmo que superficialmente. Um dado de destaque aponta que apenas 52% das pessoas disseram que a mulher costuma procurar ajuda quando sofre violência doméstica. Outros 42% afirmaram que a mulher não procura apoio.A pesquisa ouviu as pessoas em 142 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais.Apesar da lei, a violência contra a mulher ainda está envolta em "silêncio negro", diz Marisa da Silva, 45, uma das cerca de 300 promotoras legais populares presentes -líderes comunitárias que receberam treinamento jurídico para prestar ajuda em comunidades.Elas entregaram um documento ao presidente da República em exercício, José Alencar, e ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, pedindo mudanças para a implementação total da lei, como ampliação do funcionamento das delegacias especiais e melhoria da estrutura de centros para a mulher.Outras entidades também criticaram a falta de estrutura para acolhimento da mulher em situação de violência e ao não-acatamento da lei por parte de alguns juízes.