terça-feira, 15 de abril de 2008

Discriminação nos presídios

A revista Cláudia desse mês traz uma reportagem bem interessante sobre o cotidiano das mulheres presidiárias. A matéria destacou três presídios femininos: a Colméia, ou Penitenciária Feminina do Distrito Federal, o Talavera Bruce, em Bangu, no Rio e a Penitenciária de Santana, em São Paulo. Um dado que me chamou a atenção é que nos 11 presídios femininos de São Paulos as mulheres não tem direito à visita íntima (...)Ou seja, apenas os homens presos podem receber suas companheiras nos presídios paulistas. O que as autoridades alegam, não sei, mas a impressão que me passa é que o " desejo sexual masculino" é mais legítimo, ou o que homem tem mais "necessidades sexuais". Bom, o mais triste disso tudo é que mesmo assim, em algumas cadeias femininas onde a visita é liberada, o homem não comparece... tão diferente das cadeias masculinas, onde as filas de mães, esposas e filhas dobram os quarteirões. Além da visita íntima, elas levam comida, afeto e solidariedade. Na Colméia, a visita é permitida, mas a cama de solteiro, destinada ao casal, vive sempre vazia. " A mulher visita o marido preso a vida inteira. Mas eles não são fiés como nós", desabafa a presa Raquel Faleiros, de 28 anos. Em algumas cadeias, nem mesmo o amor gay entre as presas é permitido. Na Colméia, quem for pega com outra companheira de calcinha vai para a solitária. Em outras palavras, sexo, nem pensar!!! No Talavera, apenas as presas que têm "relação estáveis" têm o direiro de ser escoltadas para a casa do companheiro. Outro dado triste é a vida das mães presidiárias. Muitas precisam deixar seus filhos em abrigos, já que o pai não se responsabiliza pelas crianças. Outras cuidam das crianças na própria cela. No Paraná, as crianças ficam até os seis anos no cárcere. No Rio Grande do Sul, até os três anos. São Paulo, até os quatro meses. As crianças convivem com a umidade e a superlotação das celas e crescem sem nunca terem visto a rua. Um paradoxo do nosso sistema penitenciário, que visa a "ressocialização" e a "educação" . Diante de tanto dinheiro gasto no nosso País, bastaria interesse dos governos e da sociedade em reverter essa situação, instituíndo creches e pessoal de apoio para cuidar dessas crianças. Fica aí o apelo.

Estamos aqui, pro que der e vier!

Este blog quer contribuir pra, ao nosso ver, a única revolução em marcha: a revolução feminina. Há mais de 100 anos, as mulheres lutam por melhores condições de vida e trabalho, e acima de tudo, contra a supremacia do modelo machista, infelizmente, ainda tão presente na nossa cultura (e cá entre nós, do qual, nós mulheres temos nossa parcela de responsabilidade). Nesse sentido, vale voltar ao ano de 1857, quando 130 companheiras morreram carbonizadas dentro de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque (EUA) por terem se rebelado contra as péssimas condições de trabalho. Naquela época, elas já lutavam pela igualdade de direitos com os seus companheiros homens, pois trabalhavam mais de 16 horas diárias e recebiam bem menos por isso. Bom, isso pra nós não é nenhuma novidade, visto que ainda hoje, mesmo com maior escolaridade, continuamos ganhando até 50% menos que os homens.
Também vale lembrar que no Brasil, apenas em 1932, conseguimos o direito de votar e de ser eleitas. Nosso voto tem apenas 78 anos, pois antes éramos consideradas "incapazes" para decidir os rumos políticos no nosso País. Há anos resistimos ao machismo e à discriminação.
Ou quem esquece, que mesmo com tantos avanços, somos nós que ainda fazemos quase todo o serviço da casa, ou seja, a sociedade nos "deu" direitos, mas instituiu o "terceiro expediente" à noite, quando chegamos em casa?
Romper com isso, totalmente, ainda está no plano das idéias, pois os homens ainda são criados para não assumir responsabilidades com a casa ou a família. Resultado: mulheres sofrendo mais com o stress e com problemas cardíacos.
Nosso blog quer dar uma força discutindo esses assuntos mais diretamente. Vamos falar sobre os diversos aspectos que envolve a saúde feminina, e não apenas os relacionados à saúde sexual. Queremos divulgar projetos de lei, parados ou em andamento, que beneficiem a mulher, mas dos quais, muitas vezes, não tomamos conhecimento. Vamos refletir sobre o movimento feminista no Brasil, que depois de anos de luta e de ampla participação na bancada feminina que elaborou a Constituição de 1988, sofre diversas tentativas de ser sufocado ou de ter acabado. Também ficaremos de olho na mídia, destacando matérias que falam do nosso cotidiano, das nossas dificuldades e da verdadeira beleza que existe em ser mulher. Não a beleza pregada pelas reportagens de estética ou beleza das chamadas "revistas femininas", cujo objetivo principal é seduzir o homem. Mas aquela que existe na força feminina, que assume diversas tarefas e ainda encontra tempo pra sensibilidade e pro afeto. Aquela força, da qual, um homem de grande sensibilidade, Milton Nascimento, eternizou: "Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida....E vamos à luta!!