quarta-feira, 30 de abril de 2008

Teremos uma mulher na Presidência da República?


Como as eleições estão aí, queria aproveitar esse espaço para discutir a participação política das mulheres brasileiras. Na América do Sul, duas mulheres, respectivamente na Argentina e Chile, assumiram a presidência da República desses países: Cristina Kirschner e Michele Bachelet (foto). No Brasil , vez por outra ouvimos na imprensa reportagens sugerindo que a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff seria a candidata do PT à presidência. Esse debate, no entanto, ainda está muito incipiente. uma vez que que essa seria a primeira vez que uma mulher ocuparia o mais importante cargo político do País. Na Argentina, ao que parece, a presidente eleita trilhou os rumos do marido, Nestor Kirschner. Ou seja, ao que parece, apenas houve a transferência da faixa do marido pra esposa. No Brasil, ainda predomina (e isso até entré nós, mulheres) aquela cultura machista de que a mulher não tem capacidade pra assumir um cargo de tamanha responsabilidade. Predominam ainda muitas candidaturas que surgem à reboque dos homens. Muitos fatores culturais estão implícitos, principalmente porque ainda somos tratadas para sermos belas e jovens e não para sermos seres políticos e pensantes. Outra coisa importante seria saber se os patidos estão cumprindo as cotas destinadas às candidaturas femininas. A provocação está aí...vamos ao debate!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Brasil: Mulheres sofrem conseqüências da crise de segurança pública em comunidades marginalizadas

Em relatório divulgado hoje, 17 de abril, a Anistia Internacional revelou as histórias não contadas de mulheres forçadas a viver, educar seus filhos e lutar por justiça nas favelas do Brasil.“A realidade para as moradoras de comunidades carentes é catastrófica. São as vitimas escondidas da violência criminal e policial que tem dominado suas comunidades há décadas,” disse Tim Cahill, pesquisador sobre temas relacionados ao Brasil na Anistia Internacional. O Estado brasileiro está praticamente ausente nas comunidades marginalizadas e muitas vezes o único contato dos moradores com o governo se dá através de invasões policiais esporádicas e militarizadas.Apesar de o governo brasileiro ter lançado um novo projeto que promete acabar com décadas de negligência, pouco foi feito para que fossem analisadas e atendidas as necessidades específicas das mulheres que vivem nestas comunidades. “Longe de protegê-las, muitas vezes a polícia submete mulheres a revistas ilegais feitas por agentes masculinos, utiliza linguagem abusiva e discriminatória e as intimida, especialmente quando elas tentam intervir para proteger um familiar,” disse Tim Cahill. Mulheres que lutam por justiça para seus filhos e companheiros acabam na linha de frente, enfrentando ameaças e abusos por parte da polícia. “Na ausência do Estado, chefes do tráfico e líderes de gangues são a lei na maioria das comunidades carentes. Eles punem e protegem, e usam mulheres como troféus ou instrumentos de barganha”, afirmou Tim Cahill. Usadas como “mulas” ou como “iscas” por traficantes de drogas, mulheres são consideradas descartáveis tanto por criminosos quanto policiais. A Anistia Internacional ouviu histórias de mulheres que tiveram a cabeça raspada quando acusadas de infidelidade e que eram forçadas a ceder favores sexuais como pagamento de dívidas. Além disso, um número cada vez maior de mulheres está indo para o sistema prisional brasileiro, superlotado e com péssimas condições de higiene, onde estão sujeitas a abusos físicos e psicológicos – em alguns casos ate mesmo ao abuso sexual. Os efeitos do crime e violência ecoam em comunidades inteiras, afetando seriamente serviços básicos, como saúde e educação. Se as clínicas locais estiverem localizadas no território de uma gangue rival, mulheres são forçadas a se deslocar por quilômetros para ir ao médico. Creches e escolas podem ser fechadas durante longos períodos por conta de operações policiais ou da violência criminal. Profissionais das áreas de saúde e educação muitas vezes têm medo de trabalhar em comunidades dominadas pelo tráfico. Mulheres em comunidades carentes vivem sob constante estresse. Nas palavras de uma delas: “Eu vivo dopada, tomo remédio de maluco! Aquele diazepan para dormir. Porque se estou lúcida não consigo dormir, com medo. Dopada, pego minha filha, me jogo no chão, para me proteger do tiroteio e durmo a noite toda. Se minha filha perder a chupeta, ela vai chorar a noite toda, porque deu oito horas da noite eu não saio mais de casa”.“Os direitos dessas mulheres são violados pelo Estado de três maneiras: este apóia práticas policiais que conduzem a execuções extrajudiciais; perpetua um sistema que torna o acesso à justiça extremamente difícil, senão impossível; e as condena à miséria”, disse Tim Cahill.O Estado brasileiro introduziu algumas iniciativas positivas, como a lei Maria da Penha, que aumenta a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica – mas esta ainda precisa ser integralmente implementada. Políticas amplas e de longo prazo, que objetivem a melhora das condições de vida de mulheres em comunidades marginalizadas, são extremamente necessárias para o fim da violência contra a mulher. Como primeiro passo, a Anistia Internacional urge o governo brasileiro a integrar as necessidades das mulheres no novo plano de segurança pública, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania.
Fonte: Anistia Internacional http://www.br.amnesty.org/

Mulher, filhos e trabalho...uma relação (ainda) complicada!

Gente, gostaria de registrar aqui as dificuldades que ainda encontra a mulher com filhos no mercado de trabalho. Recentemente, fui fazer uma entrevista para uma vaga de assessora de comunicação política de um partido nacional e não pude ficar porque tinha uma filha. Em outro período, um grande jornal de São Paulo também alegou que eu não poderia assumir a vaga (da qual, passei pelo teste escrito) porque tinha uma filha (...) Resultado: a escolhida foi uma recém-formada que desistiu da vaga três dias depois. O mais interessante, é que nos dois casos, quem me entrevistou foram homens. E mais, em ambos os casos, os dois tinham três filhos! Em outras palavras: ELES PODEM , porque em casa contam com o total apoio familiar da mulher e de parentes. Já para nós isso não é permitido, porque o filho "ainda é muito mais da mãe" do que "do pai". Então, mulheres, em especial, jornalistas, fica o aviso: se quiserem trabalhar com tranqüilidade, é melhor abrir mão da maternidade, porque com certeza AINDA vão ouvir esse tipo de coisa. E não adianta argumentar que você é uma profissional responsável e conta com o suporte necessário para a criança, seja da escola, do pai, parentes ou profissionais domésticos. Sem contar, gente, que essas coisas precisam ser dividades entre os pais de uma maneira mais justa. Porque, pelo que vejo, no mercado de comunicação, os patrões querem pessoas sem horário pra sair, do tipo dedicação exclusiva, o que já é um abuso para qualquer ser humano, seja homem ou mulher. Para eles, o homem também não tem família? Ainda iremos repercutir essa situação aqui. Alô Sindicato dos Jornalistas, que tal discutir essa situação com mais profundidade?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Discriminação nos presídios

A revista Cláudia desse mês traz uma reportagem bem interessante sobre o cotidiano das mulheres presidiárias. A matéria destacou três presídios femininos: a Colméia, ou Penitenciária Feminina do Distrito Federal, o Talavera Bruce, em Bangu, no Rio e a Penitenciária de Santana, em São Paulo. Um dado que me chamou a atenção é que nos 11 presídios femininos de São Paulos as mulheres não tem direito à visita íntima (...)Ou seja, apenas os homens presos podem receber suas companheiras nos presídios paulistas. O que as autoridades alegam, não sei, mas a impressão que me passa é que o " desejo sexual masculino" é mais legítimo, ou o que homem tem mais "necessidades sexuais". Bom, o mais triste disso tudo é que mesmo assim, em algumas cadeias femininas onde a visita é liberada, o homem não comparece... tão diferente das cadeias masculinas, onde as filas de mães, esposas e filhas dobram os quarteirões. Além da visita íntima, elas levam comida, afeto e solidariedade. Na Colméia, a visita é permitida, mas a cama de solteiro, destinada ao casal, vive sempre vazia. " A mulher visita o marido preso a vida inteira. Mas eles não são fiés como nós", desabafa a presa Raquel Faleiros, de 28 anos. Em algumas cadeias, nem mesmo o amor gay entre as presas é permitido. Na Colméia, quem for pega com outra companheira de calcinha vai para a solitária. Em outras palavras, sexo, nem pensar!!! No Talavera, apenas as presas que têm "relação estáveis" têm o direiro de ser escoltadas para a casa do companheiro. Outro dado triste é a vida das mães presidiárias. Muitas precisam deixar seus filhos em abrigos, já que o pai não se responsabiliza pelas crianças. Outras cuidam das crianças na própria cela. No Paraná, as crianças ficam até os seis anos no cárcere. No Rio Grande do Sul, até os três anos. São Paulo, até os quatro meses. As crianças convivem com a umidade e a superlotação das celas e crescem sem nunca terem visto a rua. Um paradoxo do nosso sistema penitenciário, que visa a "ressocialização" e a "educação" . Diante de tanto dinheiro gasto no nosso País, bastaria interesse dos governos e da sociedade em reverter essa situação, instituíndo creches e pessoal de apoio para cuidar dessas crianças. Fica aí o apelo.

Estamos aqui, pro que der e vier!

Este blog quer contribuir pra, ao nosso ver, a única revolução em marcha: a revolução feminina. Há mais de 100 anos, as mulheres lutam por melhores condições de vida e trabalho, e acima de tudo, contra a supremacia do modelo machista, infelizmente, ainda tão presente na nossa cultura (e cá entre nós, do qual, nós mulheres temos nossa parcela de responsabilidade). Nesse sentido, vale voltar ao ano de 1857, quando 130 companheiras morreram carbonizadas dentro de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque (EUA) por terem se rebelado contra as péssimas condições de trabalho. Naquela época, elas já lutavam pela igualdade de direitos com os seus companheiros homens, pois trabalhavam mais de 16 horas diárias e recebiam bem menos por isso. Bom, isso pra nós não é nenhuma novidade, visto que ainda hoje, mesmo com maior escolaridade, continuamos ganhando até 50% menos que os homens.
Também vale lembrar que no Brasil, apenas em 1932, conseguimos o direito de votar e de ser eleitas. Nosso voto tem apenas 78 anos, pois antes éramos consideradas "incapazes" para decidir os rumos políticos no nosso País. Há anos resistimos ao machismo e à discriminação.
Ou quem esquece, que mesmo com tantos avanços, somos nós que ainda fazemos quase todo o serviço da casa, ou seja, a sociedade nos "deu" direitos, mas instituiu o "terceiro expediente" à noite, quando chegamos em casa?
Romper com isso, totalmente, ainda está no plano das idéias, pois os homens ainda são criados para não assumir responsabilidades com a casa ou a família. Resultado: mulheres sofrendo mais com o stress e com problemas cardíacos.
Nosso blog quer dar uma força discutindo esses assuntos mais diretamente. Vamos falar sobre os diversos aspectos que envolve a saúde feminina, e não apenas os relacionados à saúde sexual. Queremos divulgar projetos de lei, parados ou em andamento, que beneficiem a mulher, mas dos quais, muitas vezes, não tomamos conhecimento. Vamos refletir sobre o movimento feminista no Brasil, que depois de anos de luta e de ampla participação na bancada feminina que elaborou a Constituição de 1988, sofre diversas tentativas de ser sufocado ou de ter acabado. Também ficaremos de olho na mídia, destacando matérias que falam do nosso cotidiano, das nossas dificuldades e da verdadeira beleza que existe em ser mulher. Não a beleza pregada pelas reportagens de estética ou beleza das chamadas "revistas femininas", cujo objetivo principal é seduzir o homem. Mas aquela que existe na força feminina, que assume diversas tarefas e ainda encontra tempo pra sensibilidade e pro afeto. Aquela força, da qual, um homem de grande sensibilidade, Milton Nascimento, eternizou: "Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida....E vamos à luta!!