Essas eleições mostraram que a disputa pelos cargos majoritários no Brasil não mudou muito: as mulheres não representam nem 30% das candidaturas femininas estipuladas por lei. Nenhuma novidade! Desde pequenos, os homens são criados para comandar ou assumir cargos de maior responsabilidade. Esse é um tema que precisa ser trabalhado desde a primeira infância, na sala de aula, nas brincadeiras de meninos e meninas, em casa, na divisão do trabalho doméstico. À mulher, ficou reservada a tarefa de comandar... no ambiente doméstico. E isso ainda predomina no Brasil.
O levantamento foi feito pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, com base em dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A cota de 30% das candidaturas femininas dos partidos também nunca é cumprida. O Amapá tem o maior percentual de mulheres concorrendo às prefeituras: 17%. Para vagas nas Câmaras, Mato Grosso do Sul lidera: 25%.
Outra explicação para a pouca participação política das mulheres, segundo Sônia Malheiros, subsecretária de Articulação Institucional da secretaria é que as mulheres sempre tiveram uma educação que sinalizava que política era feita por homens. "A sobrecarga de responsabilidade familiar sobre as mulheres também as amarra".
Hoje, as mulheres representam 10% dos candidatos às prefeituras. Em 2004, eram 9,5%. Para o Legislativo, o índice (22%) se manteve. Para tentar reverter o quadro, a secretaria fez a campanha "Mais mulheres no poder, eu assumo esse compromisso!"
Mais: números da ONG Inter-Parliamentary Union mostra que o Brasil aparece na 142ª posição entre 188 países com participação feminina na política --atrás de Cazaquistão e, na América do Sul, só à frente da Colômbia. Nas capitais, poucos partidos conseguiram cumprir os 30%. O PC do B foi o que mais chegou perto ao atingir a marca em 12 cidades (menos da metade).