sábado, 31 de maio de 2008

Maria da Penha: sua luta não pode parar

Queria registrar aqui o falecimento da companheira Maria da Penha, do Movimento de Mulheres do PT e uma incansável militante do movimento de combate ao racismo. Maria da Penha era coordenadora do "Fala Negão/Fala Mulher e integrava a Secretaria Municipal de Mulheres do PT/SP.
A seguir, um pouco da trajetória dessa guerreira. Porque a luta dessas Marias não pode deixar de ser contada por outras Marias que prosseguirão a sua luta!

Nasceu em 23 de Novembro de 1948.

Morou em vários bairros, mas foi no Bairro de Guaianazes, onde seus pais compraram um terreno e construíram uma casa própria onde passou a vida e construiu sua historia.

Costureira aposentada, art-educadora, fez parte da assessoria de Projetos Sociais da subprefeitura de Itaquera no governo da Companheira Marta Suplicy.
Maria da Penha, não nega a raça. Mãe de três filhas: Ana Célia Minuto de Campos 32 anos, Lucinete M. Campos 28 anos e Elizabete M. de Campos 27 anos, Penha começou a construir sua história ainda pequena, acompanhando o irmão mais velho nas festas, bailes e rodas de tiririca, quando era desafiada a entrar nas Rodas de Samba, não deixava por menos mostrando muito Samba no Pé e o gingado da raça Negra.

Sua contribuição cultural começou na Escola de Samba Estrela de Prata de Poá, como passista, reconhecendo seu talento, foi convidada pelo amigo e sambista Gilson para desfilar na Escola de Samba Falcão do Morro Itaquerense na década de 70 onde logo se tornou "Rainha da Bateria" cargo que ocupou por muito tempo, pois era difícil desafiá-la.

Nos anos 80, fundou junto com outros companheiros e companheiras a Escola de Samba Leandro de Itaquera, onde assumiu vários cargos: Diretora social, Tesoureira, fundadora do departamento feminino, compositora, destaque e Presidiu a direção de harmonia da "escola", sendo a primeira mulher a ocupar este cargo no "Samba Paulistano", atualmente era "diretora de carnaval da entidade".

Foi fundadora e idealizadora, junto com o companheiro Gilson Negão do grupo cultural "Oduduwa" na decada de 90 que originou o Grupo Cultural "Fala Negão/Fala Mulher" da Zona Leste de São Paulo, pois sentiam a necessidade de se discutir com mais profundidade a questão "racial" na região, tornando-se referência no tema. Fez parte do Comitê de recepção ao "Nelson Mandela" quando o mesmo esteve no Brasil.
Foi uma das fundadoras do Comitê de Ação da Cidadania Contra a Fome e a Miséria na Zona Leste, (Campanha do Betinho) tornando-se depois diretora da "Ação da Cidadania de São Paulo”.
Neste período, Maria da Penha filiou-se ao Partido dos Trabalhadores, dedicando-se totalmente a construção do setorial de Negros e Negras hoje secretaria de Combate ao Racismo, participou do Coletivo da Secretaria de Mulheres, priorizando a organização de Mulheres Negras. Como militante atuava no Fórum de Mulheres Negras, Marcha Mundial das Mulheres e Rede mulher contra violência da Zona Leste.

Pela "Fala Negão" a companheira representava a entidade nas seguintes parcerias: Corrente Viva Secretaria Municipal da Saúde, Coordenadoria da Mulher, Rede Leste Contra a Violência da Mulher, Rede social Itaquera - SENAC, Agente cidadão, R.M.E. Fórum de Mulheres Negras, Rede Solidária de Itaquera, Rede Mulher de Educação entre outras.

Sabedora da gravidade de sua doença, "Câncer de Mama" não se abateu, pelo contrario, intensificou suas ações em realizar trabalhos de prevenção em "saúde da mulher", pois sabia que não tinha muito tempo, em reuniões preparava as pessoas para dar continuidade as tarefas que estavam por fazer, na sua ausência queria saber quem iria assumir as funções, queria passar o bastão, não aceitava choradeiras sobre sua situação, cobrava e designava função para todos e todas.

Em uma das ultimas reuniões de organização que participou da sua entidade, a Sociedade Comunitária "Fala Negão/ Fala Mulher", alguém menos desavisado perguntou-lhe se aquela reunião era para saber quem iria ficar em seu lugar, Penha reagiu com firmeza, "Epa! No meu lugar, ninguém fica!" o que quero saber é quem vai cumprir as tarefas que temos pela frente, finalizou.
(Fonte: Secretaria Municipal de Mulheres do PT)