segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A violência contra a mulher ainda assusta

Na quarta passada, a SPM divulgou o balanço da Central de Atendimento à Mulher, com dados do Ligue 180. O balanço apontou que, de abril de 2006 a outubro de 2009, foram registrados 791.407 atendimentos. Em quatro anos, o aumento no número de registros foi de (pasmem!) 1.704%.
No mesmo dia, a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão lançaram a campanha institucional Uma vida sem violência é um direito de todas as mulheres, realizada pela SPM em parceria com o Ministério da Saúde.
A ministra também fez um balanço dos quatro anos de funcionamento da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180. Com spot de rádio, vídeo, cartazes, folders e peças para mobiliário urbano (como paradas de ônibus), a campanha nacional busca quebrar as barreiras do medo de falar sobre a violência, incentivando as vítimas a ligarem para a Central, que também passa, a partir de agora, a funcionar por meio da tecnologia VOIP - Transferência Direta de Chamadas –, permitindo sistematizar automaticamente os dados das chamadas recebidas (data, local de origem, hora e duração da chamada).

Confira, a seguir, os altos números da violência contra a mulher em nosso País:


Denúncias : 93% delas são feitas pela própria vítima; 78% das vítimas sofrem crimes de lesão corporal leve e ameaça; 50 % dos agressores são os cônjuges das vítimas; 77% das vítimas possuem entre 00 e 02 filhos; 69% das vítimas sofrem as agressões diariamente; 39% dos agressores não fazem uso de substâncias entorpecentes ou álcool; 34% das vítimas se percebem em risco de morte; e 33% das vítimas apresentam tempo de relação com o agressor superior a 10 anos.

Tipos de violência - Dos 86.844 relatos de violência, os agressores são, na sua maioria, os próprios companheiros. Do total desses relatos, 53.120 foram de violência física; 23.878 de violência psicológica; 6.525 de violência moral; 1.645 de violência sexual; 1.226 de violência patrimonial; 389 de cárcere privado; e 61 de tráfico de mulheres. Na maioria das denúncias/relatos de violência registrados no Ligue 180, as usuárias do serviço declaram sofrer agressões diariamente.

Perfil - A maioria das mulheres que buscam a Central são negras (43,3%), tem entre 20 e 40 anos (56%), estão casadas ou em união estável (52%) e possuem nível médio (25%).

Atendimentos em 2009 - De janeiro a outubro, a Central de Atendimento à Mulher contabilizou 269.258 registros – um aumento de 25% em relação ao mesmo período de 2008 –, quando houve 216.035 atendimentos. Parte significativa do total de atendimentos (47%) deve-se à busca por informações sobre a Lei Maria da Penha que registrou 127.461 atendimentos contra 92.638, de janeiro a outubro de 2008. O crescimento corresponde, de um semestre para o outro, a 37%. Em números absolutos, o estado de São Paulo é o líder do ranking nacional com um terço dos atendimentos (87.457), que é seguido pelo Rio de Janeiro, com 12,57% (33.844). Em terceiro lugar está Minas Gerais com 6,7% (18.216).