segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As dificuldades continuam...

Quem disse que a mulher se libertou do domínio masculino, engana-se. Leia-se os últimos números da violência da SPM, que alcança a estratosférica marca dos 1000% de casos registrados, nos últimos quatros anos.
Essa violência, ao meu ver, ainda é subliminar, e encontra coro no modo como as mulheres são tratadas e deixam-se tratar, adotando a ´agenda masculina`como sua ou sendo mera coadjuvante dela.
Quem, como mãe solteira ou descasada, nunca passou por situações constrangedoras ou foi tratada com desprezo ou preconceito sexista por amigos, vizinhos ou homens que mal conhecem? Quantas mulheres têm coragem de ir sozinha a um bar, sentar num balcão, simplesmente para relaxar ou tomar uma cerveja, sem o receio de receber uma cantada barata ou ser importunada?
Infelizmente, esse incômodo tão sutil, disfarçado, ainda existe, por mais que o discurso da modernidade e do século XXI venham inundar os nossos ouvidos... meros discursos, palavras vãs.
Ainda somos invadidas em nossa intimidade e nos nossos direitos, arcamos com o maior responsabilidade com os filhos e cerceamos, por conta própria, nossa liberdadede de ir e vir. Somos obrigadas a ouvir frases do tipo ´tem mulher que gosta de apanhar`ou ´é melhor trabalhar com homens, são menos complicados`.
Contudo, vejam bem, nossa vida continua servindo para descomplicar a vida deles.
Cadê o projeto da guarda compartilhada, eu nunca mais ouvi falar e muito menos conheço algum casal que tenha adotado esse regime? Afinal, o que nos faz consentir em ainda sermos tão massacradas, ficando presas ao discurso da beleza, ao medo de ficar sozinha, solteironas, grisalhas? De voltar pra casa correndo pro marido não ficar sozinho, de deixar de planejar a nossa vida por causa do casamento, carregando culpas, culpas e mais culpas...
Mas cá entre nós, somos nós que criamos essas amarras?