Nesta quarta, 25, "comemora-se" (rsrs) o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, um problema mundial, que atinge mulheres de todas as faixas etárias e camadas sociais e ainda é fruto de uma cultura machista e patriarcal. Sem querer elencar estatísticas de agressões às mulheres, que sabemos não parar de crescer, durante esses dias, fiz uma reflexão e percebi que infelimente, mesmo com tantas campanhas de conscientização, o corpo da mulher continua sendo explorado de todas as formas, as mulheres continuam entrando no jogo masculino, se matando nas academias, fazendo plásticas, disputando o amor do homem pela beleza física e claro, se frustrando. Vejo na televisão meninas com os corpos marombados, seminuas, com o único objetivo de satisfazer um desejo voyeur masculino... Fico pasma com o preconceito que ainda atinge as mulheres mais maduras, descartadas pela mídia e pelo mercado de trabalho, tratadas como "enconstadas" por homens com problemas de autoafirmação, mal resolvidos, que procuram nas mais jovens um consolo para enfrentar a velhice e o desempenho sexual.
E lembro-me do exemplo de tantas mulheres, Marta Suplicy, Simone de Beauvoir, Rose Marie Muraro, Lígia Fagundes Telles, Meryl Streep, Clarice Lispector, Olgária Matos, Glória Khalil e tantas outras, de todas as classes sociais, que atingiram a fase mais interessante na maturidade... e continuaram (ou continuam belas).
Ao meu ver a violência contra a mulher não é só física, ela é psicológica também, e envolve todas essas questões. Somos violentadas o tempo todo, como se uma voz interna nos atormentasse sempre :´"você tem que ser bela, pintar o cabelo, fazer as unhas, tem que malhar, se vestir bem, seduzir, seduzir, seduzir"... não importa o teu conteúdo, mas o teu invólúcro... até entendo, mencionando o filósofo Jean Baudrilard, do poder feminino da sedução, mas vamos com calma, seduzir por seduzir, sem um algo a mais, algo que nos faça pensar, uma sedução apenas pelo corpo, por uma perna, uma bunda, um peito, um corpo nu... será que não existe sedução em ver uma Lígia Fagundes Telles escrevendo, ou no silêncio de uma Clarice, ou numa Olgária falando de filosofia? Ou simplesmente, numa mulher, sendo ela mesma?
Afinal, o que significa mesmo esse seduzir, sem brilho, sem vida, sem graça, sem feminilidade, sem naturalidade? Não sei o que o futuro aponta, mas me entristeço, e posso estar sendo conservadora, em ver as novas gerações tão "seduzidas" por esse modelo... esse sim, perverso, que não constrói, mas destruirá todas essas meninas quando já não forem belas e marombadas, quando envelhecerem, quando não servirem mais para alimentar a máquina do desejo masculino.
Talvez eu não esteja escrevendo sobre nada de novo, mas fica aí o desabafo... acho que todas as mulheres, em algum momento da vida, sentiram-se excluídas por algum motivo relativo à beleza ou à maturidade... gostaria de poder transmitir com esse post, mais confiança às tantas mulheres, infelizes com a própria vida e com a aparência, lembrando-as que sempre haverá espaço para o pensamento e para as que buscam um caminho diferente do que nos oferecem.