domingo, 12 de setembro de 2010

Livro aborda o uso seguro do Cytotec

Na última quinta-feira, 9/9, tive a oportunidade de prestigiar o lançamento do livro "Aborto Medicamentoso no Brasil", da coleção Democracia, Estado Laico e Direitos Humanos, organizado pela Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR). Essa ONG reúne profissionais da área de ciências sociais, médicas, humanas e jurídicas, com vistas à produção de conhecimentos para a atuação de movimentos sociais e à formulação de políticas públicas.

Na ocasião, pude conversar com a pesquisadora do Núcleo de Estudos da População da Unicamp e integrante da CCR, Margareth Arilha, sobre a política de redução de danos causados pelo uso do misoprostol (medicamento mais conhecido como Cytotec). Embora ainda engatinhe no Brasil, considero essa discussão muito bem-vinda, pois são incontáveis os riscos causados à saúde das mulheres que utilizaram essa medicação, sem o devido conhecimento. Vale ressaltar que, no desespero de uma gravidez indesejada, muitas se submetem a comprar produtos falsificados na Internet ou em bancas de camelôs desonestos.

Segundo Magareth Arilha, a prática de redução de danos já inspirou ações similares em países, como Peru, Argentina e Uruguai. Contudo, o Brasil avançou pouco nessa direção. ´Infelizmente, existe uma tendência conservadora crescente em todas as áreas no Brasil que impede aprofundar esse debate. E muitas vezes, são as próprias as instituições públicas que cedem a essas pressões", explica.

Não podemos esquecer que o direito às informações de saúde é assegurado por uma portaria da Anvisa. E as mulheres têm todo o direito de saber mais sobre esse assunto.

Fica aí o recado.

Quem quiser solicitar um exemplar do livro, basta entrar em contato com a CCR no e-mail: ccr@cebrap.org.br

segunda-feira, 8 de março de 2010

(Ainda) Vale a pena ser feminista

Gostaria de compartilhar o site da rede Encore Feministe, uma rede internacional organizada pela historiadora Florence Montreynaud, que reúne os assinantes de um manifesto lançado em 8 de março de 2001, com os 20 motivos pelos quais ainda vale a pena ser feminista, listados de forma coletiva, conforme a visão de cada pessoa.
O endereço para quem tiver interesse é o http://encorefeministes.free.fr/index.php3
Continuação da postagem abaixo:

14 - Porque resistimos ao sistema machista, que exalta a virilidade e despreza as diferenças entre pessoas;

15 - Porque em alguns países a vontade política e o trabalho das mulheres já conseguiram mudar mentalidades;

16 - Porque somos solidários com as mulheres maltratadas, violentadas, estupradas, humilhadas, violadas;

17 - Por que "o feminismo nunca matou ninguém e o machismo mata todos os dias" (Benoîte Groult);

18 - Porque pedimos que todos os crimes de origem sexista sejam reconhecidos e punidos;

19 - Porque aspiramos o ideal republicadno de liberdade, igualdade e fraternidade;

20 - Porque "a utopia de hoje é a realidade de amanhã" (Victor Hugo)

20 motivos para ainda ser feminista

No Dia Internacional da Mulher elenco vinte motivos pelos quais ainda vale a pena ser feminista:

1. Porque nos queremos um mundo de paz e de justiça, onde a dignidade humana seja respeitada;

2. Porque pedimos que homens e mulheres sejam iguais em dignidade, iguais em direitos e que estes direitos sejam aplicados;

3. Porque dois terços dos analfabetos no mundo são mulheres;

4. Porque 99% das terras cultivadas no mundo pertencem a homens, apesar de as mulheres produzirem 70% das culturas alimentares. Porque as mulheres são 70% das mais pobres no mundo;

5. Porque 84% das pessoas que pertencem ao parlamento no mundo são homens, apesar das mulheres constituírem metade do eleitorado;

6. Porque em nenhum país as mulheres possuem realmente direitos iguais aos homens. Porque no Afeganistão, as mulheres sofrem uma barbárie e são privadas de todos os direitos;

7. Porque em França, com o mesmo trabalho os homens ganham cerca de 15% mais do que as mulheres e em média, em qualquer profissão os homens ganham 25% a mais;

8. Porque os homens só assumem cerca de 20% das tarefas domésticas, bem como o cuidado com os filhos, aos doentes e aos idosos da família;

9. Porque em cada 10 lares, não existem ocorrências de violência graves onde as vitimas são em 95% dos casos mulheres e crianças;

10. Porque a sexualidade entre adultos deveria originar prazer recíproco e não devia ser utilizado para palavras e ações para magoar ou sujar;

11. Porque toda a mulher já sofreu insultos na rua ou no carro;

12. Porque a publicidade representa de forma degradante as mulheres, bem como as relações entre homens e mulheres;

13. Porque no mundo, vai aumentar para 100 milhoes o número de mulheres submetidas a mutilação genital;

domingo, 13 de dezembro de 2009

Mais um crime chocante, de caráter passional, é registrado em Fortaleza, estado que concentra um dos maiores índices de violência contra a mulher. A jornalista Kérsia Porto, 29 (foto), foi assassinada com seis tiros pelo seu marido, o sargento Francisco Antonio de Lima, 33, que depois cometeu o suicídio. A suspeita é que tenha havido um homicídio seguido de suicídio, motivado por ciúmes. Esse ano, o Ceará registrou 124 casos de mulheres assassinadas. Isso sem contar as agressões, que ocorrem todos os dias.
As estatísticas mostram que a violência só tem aumentado no Estado, sendo que 80% dos casos estão relacionados ao consumo de álcool e drogas - percentual bem maior do que o nacional (57%), segundo dados da Delegacia de Defesa da Mulher. Em todos os casos, há uma relação de poder do homem sobre o corpo da mulher, como se este fosse uma propriedade.

Mas, se a violência contra a mulher só aumenta, é preciso mais rigor com aplicação da Lei Maria da Penha e mais empenho da sociedade para que esta não seja abrandada, como desejam alguns dos nosso parlamentares.

Falta ainda mais seriedade com esse assunto tão sério. Torna-se necessário que as mulheres conheçam mais a Lei Maria da Penha, pois só passsam a buscar seus direitos quando sofrem algum tipo de agressão.

Não podemos dizer que uma relação a dois não tenha seus momentos de maior ou menor possessividade, de ambas as partes, mas convém entender que existe um limite entre o "saudável" e o "doentio", principalmente quando mistura-se ao consumo de álcool e drogas. É preciso que as mulheres, em especial, saibam compreender a hora de buscar ajuda.

Isso significa, principalmente, o direito de ter controle do próprio corpo e de assumir a direção de suas vidas, de uma forma compartilhada com seus companheiros, mas sem a neurose de viver uma simbiose.
Ninguém tem direito a impor seus desejos ou expectativas sobre o outro, seja homem ou seja mulher.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A primeira voluntária no Exército Brasileiro

Admiro muito mulheres que independente de suas concepções políticas e/ou ideológicas, romperam barreiras e assumiram posições reservadas exclusivamente ao mundo masculino. Vejam o caso de Elza Cansanção Medeiros, ou simplesmente, major Elza, que faleceu esta semana aos 88 anos. Major Elza foi a primeira mulher a alistar-se como voluntária na Diretoria de Saúde do Exército na segunda Guerra Mundial. Na verdade, ela sonhava em seguir na linha de frente, mas na época o Exército Brasileiro não aceita mulheres combatentes. Seguiu, então, como enfermeira no Destacamento Precursor de Saúde da FEB. Ela aprendeu a pilotar ultraleves aos 60 anos de idade e também escreveu vários livros sobre sua participação na guerra, tornando-se a mulher mais condecorada Brasil.

Nossa singela homenagem!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Campanha pra lá de importante


Essa é a campanha do blog Corporativismo Feminino (www.corporativismofeminino.com) do qual sou uma fiel seguidora.
Atinge em cheio as mulheres.
A-do-rei!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Irede Cardoso: uma feminista de verdade


Em nossa sessão retrô, nosso blog faz uma justa homenagem à jornalista Irede Cardoso, falecida em 2000, aos 62 anos. Irede foi uma das mais aguerridas feministas do País. Trabalhou na Folha como repórter e editora de Educação. Integrou a equipe de articulistas do jornal e assinava a coluna "Feminismo". Também foi editora do programa "TV Mulher", da Rede Globo. Vereadora por dez anos, eleita em 1982 e reeleita em 1986 pelo PT, ela deixou o partido em abril de 1990, passando para o PV e filiando-se ao PMDB em janeiro de 1992. Em 1995, aderiu ao PPB a convite do então prefeito Paulo Maluf, embora tenha liderado o movimento "Maluf Nunca Mais" cinco anos antes. Sua passagem pela imprensa e pela Câmara Municipal sempre foi marcada pela militância e pela polêmica.No início dos anos 80, entre outros grupos, Irede integrou o Pró-Mulher e a Frente das Mulheres Feministas.Entre seus vários livros, a jornalista lançou em 1981 "Os Momentos Dramáticos da Mulher Brasileira" (Global), uma espécie de história da mulher no Brasil. Publicamos o jornalzinho da mandato parlamentar, quando era vereadora pelo PV. Nossas saudosa homenagem a essa guerreira.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As dificuldades continuam...

Quem disse que a mulher se libertou do domínio masculino, engana-se. Leia-se os últimos números da violência da SPM, que alcança a estratosférica marca dos 1000% de casos registrados, nos últimos quatros anos.
Essa violência, ao meu ver, ainda é subliminar, e encontra coro no modo como as mulheres são tratadas e deixam-se tratar, adotando a ´agenda masculina`como sua ou sendo mera coadjuvante dela.
Quem, como mãe solteira ou descasada, nunca passou por situações constrangedoras ou foi tratada com desprezo ou preconceito sexista por amigos, vizinhos ou homens que mal conhecem? Quantas mulheres têm coragem de ir sozinha a um bar, sentar num balcão, simplesmente para relaxar ou tomar uma cerveja, sem o receio de receber uma cantada barata ou ser importunada?
Infelizmente, esse incômodo tão sutil, disfarçado, ainda existe, por mais que o discurso da modernidade e do século XXI venham inundar os nossos ouvidos... meros discursos, palavras vãs.
Ainda somos invadidas em nossa intimidade e nos nossos direitos, arcamos com o maior responsabilidade com os filhos e cerceamos, por conta própria, nossa liberdadede de ir e vir. Somos obrigadas a ouvir frases do tipo ´tem mulher que gosta de apanhar`ou ´é melhor trabalhar com homens, são menos complicados`.
Contudo, vejam bem, nossa vida continua servindo para descomplicar a vida deles.
Cadê o projeto da guarda compartilhada, eu nunca mais ouvi falar e muito menos conheço algum casal que tenha adotado esse regime? Afinal, o que nos faz consentir em ainda sermos tão massacradas, ficando presas ao discurso da beleza, ao medo de ficar sozinha, solteironas, grisalhas? De voltar pra casa correndo pro marido não ficar sozinho, de deixar de planejar a nossa vida por causa do casamento, carregando culpas, culpas e mais culpas...
Mas cá entre nós, somos nós que criamos essas amarras?